Páginas: 109
Ano: 2015
Editora: Suma das Letras
Gênero: Terror, Literatura Nacional
Adicione: Skoob
Onde Comprar: Amazon
Nota:
Sinopse: Em 1589, o padre e demonologista Peter Binsfeld fez a ligação de cada um dos pecados capitais a um demônio, supostamente responsável por invocar o mal nas pessoas. É a partir daí que Raphael Montes cria sete histórias situadas em um vilarejo isolado, apresentando a lenta degradação dos moradores do lugar, e pouco a pouco o próprio vilarejo vai sendo dizimado, maculado pela neve e pela fome. As histórias podem ser lidas em qualquer ordem, sem prejuízo de sua compreensão, mas se relacionam de maneira complexa, de modo que ao término da leitura as narrativas convergem para uma única e surpreendente conclusão.
“Ah, vocês e suas máscaras… Acabam enganando a si mesmos.”
Olá praticantes de livroterapia.
Hoje trago a vocês a minha indicação de livro nacional do momento.
Como sabem, eu adoro um bom livro de terror, e costumo adorar ler contos nesse gênero, e dessa vez fui surpreendida por um livro curto, porém que capturou minha atenção e que ao final da leitura, não pude deixar de pensar: E ainda dizem que não temos bons autores de terror no Brasil!
Estou falando do autor Raphael Montes, que é bem conhecido, e que já tive o prazer de ler alguns livros deles e resenhar aqui no blog, temos Uma mulher no Escuro, Jantar secreto dele por aqui para lerem, basta clicar nas imagens abaixo:
Mas o livro do momento é O Vilarejo, publicado pela Suma das Letras, em uma edição muito bonita, com todo um projeto editorial impecável, eu amei as ilustrações do Marcelo Damm e o projeto de diagramação combinou perfeitamente com o livro. Foi lançado em 2015, e não sei mesmo por que não li antes, já que gostei dos outros livros do autor que li, mas antes tarde do que nunca.
“O velho estava certo. O vilarejo está sendo dizimado dia após dia. O luto sentou-se à mesa. Ninguém chora os mortos. Não podem desperdiçar energia lamentando a partida dos que não suportaram o frio e a fome.”
Em O vilarejo, Raphael, utiliza um acontecimento real, como base para a criação de sete contos, na sinopse diz que podem ser lidos de forma independente, e até podem mesmo, mas indico ler na ordem, pois apesar de cronologicamente os contos não serem lineares, temos uma convergência ao final do livro, com os contos se entrelaçando belamente, para criar uma história sombria de um vilarejo e sua população que deixaram de existir em algum momento do século passado.
“Humanos vivem carregados de uma crueldade sufocada.”
O acontecimento real, foi a classificação que o padre e demonologista Peter Binsfeld, fez ligando cada um dos pecados capitais a um demônio:
Asmodeus – Luxúria
Belzebu – Gula
Mammom – Ganância
Belphegor – Preguiça
Satan – Ira
Leviathan – Inveja
Lúcifer – Soberba
Falarei brevemente sobre cada um deles
Belzebu – Um Baquete para Anatole
Uma mulher tenta sobreviver ao abandono, a um inverno rigoroso e a escassez de alimentos, fazendo de tudo para manter seus três filhos vivos, enquanto aguarda a volta do marido, ela se pergunta até quando vai sobreviver. Ao seu redor seus vizinhos parecem ir sucumbindo rapidamente, e desesperada ela até mesmo nega abrir a porta para dois visitantes, um deles um homem misterioso pedindo comida, a outra uma velha que conheceu sua vida inteira.
Muita coisa acontece neste conto e ele já entrega os horrores que podemos esperar nos demais contos.
Leviathan – As irmãs Vália, Velma e Vonda.
“Matar uma pessoa não é tão difícil, afinal. Basta puxar um gatilho, colocar uma erva venenosa no chá, aperta com força o nó de uma corda envolta do pescoço desprevenido.”
Para mim o melhor conto, pois fui pega de surpresa por ele.
Duas irmãs gêmeas, costumam se encontrar com uma amiguinha em um parque sob a supervisão amorosa da irmã mais velha e do namorado dela.
Elas gostam de escrever histórias, e usam os membros do Vilarejo como seus personagens, quando uma delas fala que deveriam usar alguém bem próximo delas como personagem, uma trama sombria e surpreendente se desenrola.
Gostei muito dele.
Lúcifer – O Negro Caolho
Um Negro surge no Vilarejo, cuja população se une para o surrar e tentam o matar, apenas por sua cor de pele e deformidades, porém o destino cruel que estava sendo imposto a ele, é barrado por uma moradora que o defende dizendo que ele não é um monstro e sim, apenas um forasteiro de outro país. Ela oferece abrigo a ele e se mostra disposta a ajudar...
Bom, não é um livro de romance então... não é bem assim! Comecei estranhando tanta bondade após os primeiros contos e depois fui só passando mal de raiva mesmo...
Asmodeus – A doce Jekaterina
Nem consigo falar desse conto sem sentir ódio, um bastardo em forma de gente, resolve que tem direito a destruir a vida de sua vizinha.
É isso... ódio, aviso de gatilho para pedofilia.
Belphegor – A verdadeira história de Ivan, o ferreiro
Ivan é considerado um homem de valor e honra no vilarejo, bom... como já podem imaginar não é bem assim. Ao descobrirmos seus segredos mais obscuros, pessoas, fatos e horrores que aconteceram em outros contos vão ganhando mais informações e nada é o que se parece.
Mammom – O Porquinho de Porcelana da Sra. Branka
Uma criança da seu primeiro suspiro enquanto a mãe dá o último, com um pai já morto ela é entregue a sua avó, uma costureira, que assume sua criação. Após uma primeira infância difícil, a criança vai perceber que tudo pode piorar, sendo uma criança inocente e órfã naquele vilarejo.
Satan – Um homem de muitos nomes.
“– Não adianta esperança… Fomos esquecidos.
– Esquecidos por quem, meu filho?
– Pelo mundo. Por Deus – reflete o homem.
– Ou talvez tenham sido lembrados pelo diabo.”
Voltamos a Anatole, que no primeiro conto é recebido com um banquete peculiar.
Neste conto o homem, que saiu para enfrentar a neve e os perigos em busca de comida para a sua família, quase morre e é salvo por um misterioso homem, ao voltar a seu lar, ele é surpreendido por algo aterrador e responde com o que tem dentro de seu coração.
Se encerra um ciclo neste conto que une todos os demais.
Todos os contos possuem referências aos personagens de outros contos, e mostram como o mal foi se espalhando pelo Vilarejo.
Um excelente livro de contos de terror, temos muitos gatilhos, afinal terror: não somente sobrenatural, mas o pior do que pode existir dentro do ser humano.
Preciso dizer que gostei muito de como Raphael foi costurando os contos e o prefacio e posfácio do livro, também fazem parte da história, não pulem!
Indico para todos que curtem livros de terror/horror pessoal, e para quem ama um bom livro nacional. Valorizem nossos autores, temos excelentes!
Nota: já disse que amei as ilustrações deste livro? Fui ver o portfólio do Marcelo Damm e estou apaixonada pelo talento dele!
Até a próxima.
Raphael é bem aclamado e popular! E isso é demais!
ResponderExcluirPorém o tipo de livro que ele escreve, foge e bem do que gosto de ler.
Eu não vou dizer que esse é meu livro favorito do Raphael, mas é o livro que me cura quando uma ressaquinha tenta me pegar rs Já o reli nesse ano, mas sou suspeita, pois amo demais o jeito torto que ele costura suas histórias.
ResponderExcluirTenho e li todos os livros e o sigo por todos os cantos.
As ilustrações são perfeitas demais!!!!
Um livro que merecia mais destaque sim, é nossa literatura!!!!!
E o cara manda bem demais rs
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor
Achei interessante essa ligação dos sete pecados a demônios diferentes. Sempre ouço falar bem dos livros do Raphael, mas não tenho coragem de lê-los porque não curto terror.
ResponderExcluirDanielle Medeiros de Souza
danibsb030501@yahoo.com.br
Olá
ResponderExcluirEmbora seja um autor cuja obra recebe muitas críticas positivas eu nunca li nada dele pois ele escreve um gênero que não gosto que é o terror.
Vivian!
ResponderExcluirFoi o primeiro livro do Raphael que li e me deixou encantada por sua escrita.
As ilustrações são perfeitas e o que gostei mais, é que os contos, apesar de independentes, são todos interligados no final e não tem problema em lê-los fora de ordem.
cheirinhos
Rudy
Que livro irado! Não sou fã de filmes de terror, mas livros da para passar ne? Li a resenha de outro livro do autor e me interessei bastante. Já esta na minha lista.
ResponderExcluirOlá! Embora goste de contos, não sou lá muito fã do gênero terror, ainda mais quando usam acontecimentos reais para desenvolver o enredo, haja luz acesa em casa depois de uma leitura dessas! (CPFL vai curtir!).
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