O Bosque das Coisas Perdidas - Shea Ernshaw

Título: O Bosque das Coisas Perdidas

Autor: Shea Ernshaw

Páginas: 368

Ano: 2022

Editora: Galera record

Gênero: Fantasia,  Ficção, Romance

Adicione: Skoob

Onde Comprar: Amazon

Nota: 

Sinopse: Nora Walker vem de uma longa linhagem de bruxas naturais e tão antigas quanto o Bosque de Vime. Há quem diga, inclusive, que elas originaram do próprio bosque, com raízes nos cabelos e terra sob as unhas. Mas Nora Walker tem um segredo: ela nasceu sem a dádiva que une as Walker à floresta.

Oliver Huntsman também tem seus segredos. Desaparecido por duas semanas desde a noite da nevasca, ele é encontrado por Nora na floresta, mas suas memórias permanecem perdidas.

Como o vento que sussurra, os caminhos dos dois se entrecruzam enquanto a magia da floresta permeia um misterioso romance tão real quanto sobrenatural.

Resenha:

Olá praticantes de Livroterapia.

Minha indicação de leitura de hoje é O Bosque das Coisas Perdidas, uma fantasia sombria e delicada da autora Shea Ernshaw, publicado pela editora Galera Record.

Este é um livro único, assim como o primeiro livro da autora, A Maldição do Mar, que eu li e adorei, e temos resenha dele aqui caso desejam conhecer um pouco dele, para lerem, basta clicar na imagem abaixo:

Vou começar falando sobre a edição do livro, e a Galera Record, arrasou, é uma capa belíssima, em preto e detalhes furta cor, e além dessa capa maravilhosa, vem uma sobrecapa, branca e azul, não sei qual amo mais, são impecáveis! O livro possui uma delicada diagramação com detalhes lembrando as arvores do bosque nos capítulos. 

Definitivamente um dos livros mais lindos que comprei esse ano, e combina muito com o estilo do primeiro livro da autora.

Vou começar falando de um detalhe que tem me agradado muito no trabalho de Shea, ela escreve fantasias muito delicadas, intimista, sombrias e repletas de emoções agridoces. Suas histórias são sobre pessoas reais, que por acaso são extraordinárias e mágicas, mas que travam suas próprias batalhas pessoais, lidando com sentimentos complexos e difíceis.

E tudo isso em livros únicos, então para quem não curte a espera infinita para continuações, tem aqui um livro que merece ser lido!

Em O Bosque das Coisas Perdidas, temos Nora Walker, ela é a mais nova descendente de uma longa linhagem de mulheres, que são mais floresta e lua do que gente.

“Somos as filhas da Floresta.”

Ela vive em um casa a beira do Lago Blackjaw, com uma mãe ausente e a saudade de uma vó que partiu cedo demais. 

Ao seu redor existem várias casas de veraneio, então no inverno rigoroso, ela se vê sozinha, com as pessoas mais próximas morando do outro lado do lago, um senhor já idoso, e garotos rebeldes, que vivem em um acampamento para jovens problemáticos.

Quando uma tempestade de neve, isola todos, cortando a eletricidade, e impedindo que consigam sair até a cidade mais próxima, ela escuta vozes percorrendo a floresta e o lago, estão chamando um nome, ao que tudo indica um jovem desapareceu.

Duas semanas depois, Nora, faz o que toda Walker faz nas noites de lua cheia, ela entra no Bosque de Vime, enquanto a floresta dorme, em busca de coisas perdidas, mas dessa vez ela não encontra um anel de ouro ou um botão de prata, ela encontra um garoto.

Oliver, está desaparecido há dias, mas de alguma forma conseguiu sobreviver, e Nora o salva, o levando para casa, usando seus conhecimentos herdados da vó para afastar o frio e restabelecer suas forças.

“Sou uma Walker sem magia de verdade, sem uma dádiva noturna. Isso vai ter que bastar.”

Este é o começo da trama, e a partir deste ponto vamos acompanhar pelo ponto de vista de ambos, Nora e Oliver, o jovem não se lembra como foi parar no bosque, sobre o que realmente aconteceu, e após Nora o levar para o acampamento, descobre que na noite em que ele sumiu, não foi a única tragédia. Um garoto sumiu... mas outra coisa aconteceu...

Uma boa parte da trama gira em torno desse mistério, e a dinâmica entre eles é cheia de altos e baixos. Confiança cega, com a desconfiança se esgueirando no coração de Nora.

“Há algo de selvagem nela, uma certa brutalidade. Aquele olhar que às vezes você encontra quando está dirigindo por um atalho durante a noite e um animal cruza seu caminho, os olhos assustados iluminados pelos faróis. Aquele olhar firme de uma criatura que é mais livre do que você jamais poderia compreender.”

Oliver é um personagem que me cativou, suas nuances, as camadas de sua personalidade, eu vamos conhecendo bem aos poucos, enquanto ele vai recuperando suas memorias. Simplesmente, senti uma força em seus capítulos.

“O nome que ressoa em meus ouvidos: Nora Walker. A garota com o luar nas veias.”

Já Nora, que é a protagonista de verdade deste livro, é um personagem que amei ler e ao mesmo tempo senti uma tristeza e inconstância. A forma como ela se enxergar, a pressão que existe dentro dela, seus medos, tristezas, alegrias e desejos mais profundos, são muito realistas, apesar do toque fantástico que existe dentro dela e da sua história. 

“Carrego comigo um sentimento de não ser boa o suficiente. Um tijolo vazio alojado em minhas costelas. Ninguém vê que tenho tantas feridas...”

Ela ainda está lutando para encontrar seu lugar no mundo, carregando o peso de um legado familiar esmagador, ao mesmo tempo que assustador. Seus erros e acertos tem um equilíbrio que dá uma profundidade e torna sua história muito poderosa.

O modo como ela se joga de cabeça no mistério de Oliver, é quase como uma boia que ela usa para não se afogar em suas próprias questões.

“Minha coisa perdida encontrada no bosque. Que agora é mais floresta do que garoto.”

Gostei da história deles, e mesmo quando eu duvidei da capacidade de Nora de abrir os olhos para perceber algumas coisas extremamente obvias, (que teriam facilitado a vida dela mil vez!!!), eu ainda entendi o que autora (assim creio) quis dizer com ações de Nora, sua coragem e seus medos.

É uma trama de fantasia bem sombria, a escrita de Shea, tem esse estilo poético e agridoce, ela tece histórias de magia, bruxas, poderes peculiares, e desejos reais, medos e sentimentos dolorosos, que tornam seus personagens muito reais, e nos fazem se identificar com suas lutas.

“E nos livros, aqueles que não têm nada a perder normalmente se tornam vilões. É assim que suas histórias começam, com uma perda e tristeza...”

Ao contrário de A Maldição do Mar, gostei bastante do final desse livro, e casou perfeitamente com a história que ela foi tecendo aos poucos, as pistas que ela habilmente escondeu em pensamentos e lembranças dos personagens.

Indico para quem curte livros de fantasias, tramas de livros únicos, uma história com pequenas doses de romances, suspense e levemente um terror psicológico, bem leve mesmo...

Shea definitivamente está me cativando e já quero mais livros.

Até a próxima.