Autor: Samuel Gomes
Páginas: 304
Ano: 2020
Editora: Paralela
Gênero: Biografia; Não-ficção
Adicione: Skoob
Onde Comprar: Amazon
Nota:
Este livro foi cedido pela Editora Paralela, porém as opiniões são completamente sinceras. Não sofremos nenhum tipo de intervenção por parte da Editora.
Resenha:
Ano: 2020
Editora: Paralela
Gênero: Biografia; Não-ficção
Adicione: Skoob
Onde Comprar: Amazon
Nota:
Sinopse: Samuel Gomes teve uma infância parecida com a de vários outros meninos nascidos na periferia das grandes cidades brasileiras: dividia o quintal de sua casa com muitos parentes, estudava em uma escola do bairro e via seus pais batalharem para dar um futuro melhor a ele e à sua irmã. Porém, logo começou a perceber que era diferente daqueles que o cercavam: ele sentia atração por outros meninos. Assim, o medo de ser quem é foi um fio condutor do seu amadurecimento, ainda mais por ser negro e fazer parte de uma família extremamente evangélica. Além das várias situações de racismo e discriminação que teve que enfrentar, tinha a Igreja, que não era apenas um lugar que frequentava aos domingos com sua família, mas sim uma instância onipresente em sua vida, que ditava seu modo de vestir, de se comportar, de pensar e de viver. Foram longos anos até que pudesse entender que a vida não precisava se resumir à realidade em que nasceu, e que o que sentia não era errado nem “anormal”. Sua luta por estudo, autodescoberta e autoaceitação é narrada neste livro, junto a reflexões que ele tece sobre ser um homem negro e homossexual no Brasil. Além da história de Samuca, o livro conta com entrevistas que ele fez com personalidades LGBTQIA+ brasileiras, que abriram seus armários e compartilharam suas trajetórias para fora deles.
Resenha:
Uma leitura reflexiva com discursos poderosos e necessários.
A vida de Samuel Gomes nunca foi fácil. Por ser negro e morar na periferia de São Paulo, ele aprendeu muito cedo que seriam necessários muitos sacrifícios para ter acesso à educação e conhecimento.
Mas ao descobrir que era diferente dos outros meninos, Samuel precisou enfrentar uma jornada de aceitação para entender sua homossexualidade, isso dentro de uma família extremamente religiosa e tendo que lidar com o racismo estrutural que tornava ainda mais difícil esse momento de descoberta.
A jornada para se entender como um homem gay não foi nada fácil, ainda mais quando Samuel percebia que sua igreja (na qual ele sempre foi muito presente) ditava correntes discriminatórias e preconceituosas.
Essas reflexões são compartilhadas conosco no livro, juntamente com entrevistas que o próprio autor fez com membros da comunidade LGBTQIAP+, que também contam um pouco de sua jornada de amadurecimento e aceitação.
Sabemos que a LGBTfobia é uma realidade dolorosa para as minorias, e embora conquistas importantes tenham sido adquiridas, ainda falta muito para que a comunidade seja aceita. Grande parte disso está atrelado à religião, que em vários casos destila ódio ao invés de amor ao próximo.
"Me aterrorizava saber que no dia seguinte eu teria que pegar o transporte público e talvez me sentar ao lado de uma pessoa que provavelmente aplaudiria a minha morte."
E religião é um tema bastante debatido no livro, pois Gomes era um membro assíduo da CCB (Congregação Cristã do Brasil). Confesso que eu nunca tinha ouvido falar dessa vertente da religião evangélica, mas fica nítido o porquê de Samuel ter tido uma repressão sexual tão intensa, visto que, segundo o autor, as regras da igreja eram severas (e chocantes).
O medo de não ser aceito pela sociedade, nesse sentido, acaba sendo ligado a condenação. Afinal, quem nunca ouviu que essas práticas "antinaturais" condenam o indivíduo ao sofrimento eterno no pós-vida (traduzindo: a pessoa vai para o inferno)? E Gomes nos trás essas questões por meio de estudos, para que possamos entender que, se existe um ser onipotente, ele não vai nos condenar, pois foi ELE que nos fez do que jeito que nós somos. Não é uma opção, nunca foi.
"Queria muito que a gente pudesse experimentar essa liberdade também para que não precisasse se condenar e para que não achasse que Deus deixou de nos amar por causa da maneira como Ele mesmo nos criou."
É necessário pontuar também que o livro é muito mais do que uma autobiografia de uma pessoa LGBT. O autor vai além e nos conta sobre seu período de descoberta em relação à negritude também, que era meio que ignorada pela sua família para se encaixar no padrão da igreja. Gomes, à medida que amadurecia como pessoa, não só percebeu que PODIA SIM ser quem era em relação à sua sexualidade, mas também em relação ao seu povo, sua cultura.
E o que dizer das entrevistas? Muito enriquecedor. Embora eu procure ser uma pessoa super mente aberta, tinha várias características de membros da comunidade que eu não conhecia, e pude entender também que as histórias são plurais, variam muito. A jornada de uma pessoa transexual, por exemplo, me fez aprender muito sobre questões de gênero.
"Assim, aos poucos, fui percebendo que, independentemente da fachada, a fé é minha e a certeza do amor de um Ser Supremo por mim é real. E por isso eu me sinto um cara de muita sorte."
Tem casos em que as famílias são super de boa quando uma pessoa se assume, isso quando se assume. Conservamos o estereótipo de que, quando a pessoa não é hétero ela precisa se assumir, "sair do armário". Devemos desconstruir isso, pois se um hétero não precisa se assumir hétero, por que os LGBTs precisam? Isso é desconfortável, só torna a aceitação mais difícil.
Eu poderia ficar horas falando desse livro, pois são muitos temas abordados. Dificuldades no mercado de trabalho, política, depressão, entre muitos outros. Mas foi uma experiência incrível, que me fez rever muitos preconceitos inconscientes pela falta de informação.
"Eu me vi pela primeira vez presente. Não estava preso a sentimentos, pensamentos, ansiedades, estava de fato vivendo. Pela primeira vez, havia feito algo que tinha vontade de fazer sem me preocupar com o que os outros iriam pensar."
Concluindo, Guardei No Armário é um daqueles livros que ficam na nossa memória muito tempo após a leitura, tamanho o impacto das palavras de Samuel Cunha e de diversas outras pessoas que, por meio de relatos reais e emocionantes, nos mostram que a luta da comunidade LGBTQIAP+ continua. A mensagem que fica, contudo, é a de que essas pessoas não vão abaixar a cabeça para o preconceito, racismo ou qualquer outra forma de intolerância. Palmas, pois eles merecem!
Até a próxima resenha!
Que resenha ímpar!
ResponderExcluirEm um mês de uma luta tão importante e necessária demais, nada mais gostoso do que começar o mês com uma resenha assim. Já estou abrindo a página do Skoob para colocar o livro na listinha dos mais desejados e sim, literatura brasileira!
Não conheço Samuel também, mas vou mudar isso hoje ainda!
Lerei com certeza!!!
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor
Angela, obrigado pelo comentário!
ExcluirEu não costumo ler muitos livros nacionais, mas esse com certeza entrou para a minha lista de favoritos.
Beijos.
Esse gif da Pabllo 😍
ResponderExcluirUma leitura poderosa, avassaladora! Importante e necessária.
Vou procurar o canal do Samuel
Chefe, obrigado pelo comentário!
ExcluirHAHAHAHA Esse gift é demais.
Beijos.
Olá,
ResponderExcluirNão conhecia o Samuel também, mas já vou correr pra dar uma espiada no canal dele no youtube!
Muito importante a temática e que bom que ele resolveu compartilhar as experiências.
beijos
Theresa, obrigado pelo comentário!
ExcluirNão é mesmo???? Acredito que no canal dele tem muita coisa legal para nos fazer refletir, pois existem muitos conceitos abstratos que exigem um aprofundamento.
Beijos.
Resenha maravilhosa, também não conhecia o samuel e depois dessa resenha vou dar uma olhada 😊.
ResponderExcluirOlá Alison!
ResponderExcluirEu adorei a capa e o título do livro, lindo demais! Realmente a história de Samuel é muito tocante, e é triste ver que ainda hoje muitas pessoas sofrem como ele sofreu. Nesse mês é muito importante difundirmos a mensagem contra a homofobia e respeitar todas as formas de amor.
Beijos
Quero muito saber a trajetória dele, um homem negro e gay. Assunto importante e que deve ser tratado. A voz de Samuel é gigante e eu vou ler esse livro com todo carinho!
ResponderExcluirOlá! É tão bacana ver cada vez mais livros com essa temática e tão importante também. Deu para perceber que a leitura é daquelas maravilhosas e que nos deixa cheia de grandes lições.
ResponderExcluirOlá Alison
ResponderExcluirPossivelmente foi uma leitura que trouxe muitas informações e reflexões acerca da vida do Samuel.
Ainda existe muita falta de respeito infelizmente.
Alison!
ResponderExcluirConfeso também que não conhecia o autor e gostei muito da forma como descreveu o formato da escrita dele, trazendo também entrevistas e experiências das mais variadas sobre o assunto.
Fiquei imaginando por tudo que eles tem de passar apenas para se entenderem e se assummirem.
Sou mente super aberta também e gostaria de aprender mais com esse livro.
cheirinhos
Rudy
Oiii
ResponderExcluirEu não conhecia esse livro, mas já fiquei doida pra ler. Não sou muito de ler biografias, mas esse parece ser aquele tipo de livro importante e necessário, que todos deveriam ler. Adorei conhecer um pouco do livro, e fiquei curiosa quanto ao canal do autor também. Parece que o livro traz várias reflexões e nesse caso é até ser um biografia, porque traz também experiências dele. Já coloquei na minha lista!
Bjss ^^
Oii,
ResponderExcluirParece ser um livro muito profundo e emocionante. Que nos faz refletir sobre preconceito, racismo e tantas outras coisas horríveis que as pessoas vem cometendo, principalmente com pessoas negras e gays.
Vale refletir, mudar conceitos e opiniões.
Bjs
Faz um tempo desde que li um livro nacional (provavelmente nunca li uma biografia) e fiquei com vontade de ler esse, ainda mais nesse mês
ResponderExcluirParece ser muito bom e bem reflexivo!
Não é o tipo de livro que leio com frequência, mas acho importante o tipo de leitura para muitas pessoas. Mostrar as diferenças, o respeito e o auto entendimento é necessário ser apresentado. Gostei bastante.
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