Nosferatu - Joe Hill

25 de fevereiro de 2021

Título:
 Nosferatu
Autor: Joe Hill
Páginas: 624
Ano: 2014
Editora: Arqueiro
Gênero: Terror; Fantasia 
Adicione: Skoob
Onde Comprar: Amazon
Nota:  
Sinopse: Victoria McQueen tem um misterioso dom: por meio de uma ponte no bosque perto de sua casa, ela consegue chegar de bicicleta a qualquer lugar no mundo e encontrar coisas perdidas. Vic mantém segredo sobre essa sua estranha capacidade, pois sabe que ninguém acreditaria. Ela própria não entende muito bem. Charles Talent Manx também tem um dom especial. Seu Rolls-Royce lhe permite levar crianças para passear por vias ocultas que conduzem a um tenebroso parque de diversões: a Terra do Natal. A viagem pela autoestrada da perversa imaginação de Charlie transforma seus preciosos passageiros, deixando-os tão aterrorizantes quanto seu aparente benfeitor. E chega então o dia em que Vic sai atrás de encrenca... e acaba encontrando Charlie. Mas isso faz muito tempo e Vic, a única criança que já conseguiu escapar, agora é uma adulta que tenta desesperadamente esquecer o que passou. Porém, Charlie Manx só vai descansar quando tiver conseguido se vingar. E ele está atrás de algo muito especial para Vic.

                                            
Resenha:

Acho que o talento é hereditário mesmo...

Saudações terráqueos! Hoje vamos conversar sobre Nosferatu, escrito por Joe Hill, mais conhecido como filho do Stephen King. A obra concorreu ao prêmio Bram Stoker bem na época do lançamento de Doutor Sono, livro do papis que acabou vencendo a edição de 2013. Mas será que Nosferatu mereceu concorrer ao lado de gigantes? É o que vamos descobrir, então s’imbora!

Na obra, somos introduzidos à Victoria McQueen, uma garotinha que possui o dom peculiar de encontrar objetos perdidos por meio do Atalho, uma espécie de ponte que é acessada pela bicicleta da protagonista.  Acontece que não é só Vic que possui a habilidade de viajar. Charlie Manx, por meio de seu Rolls Royce 1938, utiliza os portais para sequestrar crianças e levá-las à Terra do Natal, um parque de diversões que retira a humanidade dos visitantes para fortalecer seu criador. 

Com o passar dos anos, as vidas dos dois personagens se cruzam, porém Vic consegue escapar do ardiloso sequestrador, e Manx é preso após a exposição de seus crimes. Já na fase adulta, Vic tenta manter a sanidade após sua traumática noite no covil de Charlie Manx, ao mesmo tempo que cria seu filho, Wayne. Porém a vida do menino parece estar em risco quando surgem boatos de que Manx está solto e em busca de vingança. 

Depois de tentar explicar um pouco da trama, só posso dizer que a obra conseguiu superar minhas expectativas. Fazendo a construção dos personagens de forma linear e através dos anos, Hill vai tecendo uma história que soa muito similar à escrita do pai, principalmente no que diz respeito à descrição detalhada dos fatos.

Victória é uma protagonista que ficou extremamente traumatizada pelos acontecimentos de sua adolescência. Se na infância viajar através do Atalho era algo curioso e divertido, na idade adulta essa habilidade afetou completamente a psique da personagem, que precisou até passar por uma clínica de reabilitação.

“Sua mãe ficara maluca por um tempo, achando que o telefone tocava quando não se ouvia som algum, tendo conversas com crianças mortas.” 


Confesso que Vic me deixou estressado em alguns momentos. Por tentar negar de qualquer forma que Manx estava solto, a personagem se mostrava bastante ríspida com as pessoas, ou melhor, mal educada. Vários personagens secundários (que por sinal são muito importantes para o desfecho da história), como Lou (pai de Wayne) e Maggie (uma figura do passado da protagonista que a explicou como funcionam seus poderes) tentavam oferecer ajuda, mas Vic insistia em afastá-las. E eu ficava tipo: garota para de ser rabugenta!

Charlie Manx, por sua vez, é um dos vilões mais carismáticos que já tive o prazer de conhecer. É interessante pontuar que o personagem acreditava que estava fazendo BEM às crianças, pois na Terra do Natal elas podem se divertir para toda a eternidade (embora o preço seja perder a alma e a racionalidade, HÁ). Manx possui um senso de moralidade que rapidamente o torna antagonista de Vic, e como considera ELA a vilã, decide que Wayne seria muito mais feliz ao seu lado na Terra do Natal. E aí a gente acompanha uma perseguição que perdura por uma boa parte do livro, perseguição esta que torna a leitura bem lenta em alguns momentos.


“Tenho certeza de que você é um ótimo menino. Todas crianças são...por um tempo.”


Embora todo esse conceito da Terra do Natal seja bem interessante e os personagens não deixem a desejar no que se refere à caracterização, o livro possui um EXCESSO de referências que em determinado momento começam a irritar o leitor. É como se Joe Hill quisesse esfregar na nossa cara que é filho de Stephen King, pois temos INÚMERAS referências às obras do autor, como It, O Pistoleiro, O Iluminado, Doutor Sono, Carrie, etc.


“– Você disse falar a moto falar com você. O que ela está dizendo? Eu não falo a língua das motos. – Ah, ela está dizendo “Aiô, Silver”.


É claro que a gente gosta de saber que as histórias possuem certa conexão (sendo que temos até uma referência muito inteligente relacionada com Doutor Sono), mas acredito que o autor exagerou. Além das referências às obras de King, o livro também abusa do ultrapop: Harry Potter pra lá, Senhor dos Anéis pra cá, e por aí vai. 


“Existe tribo do Nó Verdadeiro, que vive na estrada e trabalha maios ou menos no mesmo ramo que eu.” 


Tamanho número de informações prejudica a compressão de um enredo que já é complexo, e até desvia o foco em algumas passagens. Todavia, essas ressaltavas são bastante pessoais, pois alguns leitores podem até gostar dessa enxurrada de cultura pop, é de gosto mesmo né. O final é bastante corrido e certos acontecimentos não me convenceram (ora fáceis demais, ora pouco críveis), porém eu não visualizo um desfecho melhor para essa história grandiosa criada pelo autor. Só algumas execuções que poderiam ser diferentes. 

Em suma, Nosferatu não deixa de ser um super recomendação para quem curte histórias sobrenaturais bem estruturadas, cujos personagens vão sendo moldados aos poucos para que se tenha uma ampla perspectiva sobre os mesmos. Hill tem tudo para dar continuidade ao legado no pai, nos encantando com as palavras e impactando, seja na literatura, seja no cinema. 


“Chorar era uma espécie de luxo; os mortos não sentiam perda alguma, não choravam por ninguém nem por nada.”


Aliás, a obra possui uma adaptação seriada pelo canal norte-americano AMC (que inclusive já possui resenha aqui, feita pela Vivs). Infelizmente, a série foi cancelada após duas temporadas, porém, segundo os diretores, foi possível encerrar todos os arcos do livro. 

Para ler a resenha da série, clique na imagem abaixo:

                                           

Até as próximas resenhas!

22 comentários

  1. Filho de peixe peixinho é!
    Aliás toda a família King é talentosa!!!
    Achei bem interessante, Joe fazer referências aos livros do pai, talvez tenha apenas se empolgado um pouquinho..rsrs
    Achei criativo esse Parque do Natal.
    E foi uma excelente sacada de Joe criar um vilão simpático e uma mocinha que dá nos nervos.

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    1. Chelle, obrigado pelo comentário!
      Simmmm, o vilão é até mais interessante que a mocinha hahahahaha.
      Beijos.

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  2. Filho de peixe peixinho é. Aliás toda a família King é talentosa.
    Achei interessante Joe fazer referências aos livros do pai, Talvez tenha se empolgado um pouquinho...rsrsrs
    Bem legal também a ideia desse Parque do Natal.
    E genial a sacada de criar um vilão carismático e uma mocinha que dá nos nervos.

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  3. Então, eu não li o livro ainda, mas claro, talento é sim, hereditário, principalmente no caso do Mestre King!
    Mas eu vi a série, a primeira temporada,e confesso que gostei muito. Tá, penso que em uma temporada poderia ter sido tudo concluído, mas ainda verei a segunda temporada.
    Isso das referências às obras do pai deve ser algo bem chato na leitura, pois nem todo mundo tem acesso a estas referências e isso meio que deixa o leitor perdido.
    Mas sim, ainda quero muito ler!!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor

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    1. Angela, obrigado pelo comentário!
      Eu vi o trailer da série e achei, sei lá, uma produção de baixo orçamento hahaha. Confesso que não tem vontade de assistir.
      Beijos.

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  4. Ainda nao li nada do pai, nem do filho, nem da mae dele, mas tenho vontade de ler todos, mas to bem atrasada em conhecer a escrita dessa familia mesmo.
    Esse livro ja tinha me deixado interessado em algumas resenhas que ja tinha lido sobre e fiquei bastante curiosa pela historia. Nao sabia que tinha uma adaptação. Amo o nome da garotinha!

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    1. Ariela, obrigado pelo comentário!
      O que você está esperando mulher? Vem pra família King.
      Beijos.

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  5. Olá
    Que bom que mesmo com essas ressalvas apontadas por você na resenha o livro recebeu uma ótima nota .
    Presumo que o livro deve ser bem interessante com uma trama bem construída.so achei exagero o autor ficar trazendo referência a obra do King.e a Vic parece que ficou um pouco amarga com a experiência que teve com o viláo Manx.achei estranho colocar o nome Terra do Natal local que onde as crianças poderiam se divertir a vontade mas teriam que perder a alma .
    Parabéns pela resenha

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    1. Eliane, obrigado pelo comentário!
      Acho que as referências até enriquecem o livro, mas tudo tem limite né?
      Beijos.

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  6. Alison!
    O que falar quando o DNA mostra o quanto é dominante?
    De minha parte gosto de detalhes e citações, por isso, talvez quando ler, não ache o livro tedioso.
    O que mais gostei foi esse plot em var o vilão e a protagonista em perseguição o tempo todo, embora ela tenha ficado descontrolada em determinadas partes.
    cheirinhos
    Rudy

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    1. Rudy, obrigado pelo comentário!
      A Vic realmente pode ser descrita como descontrolada (no mínimo rsrsrsrsrs).
      Beijos.

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  7. Nossa, que livro grande hein? Ficaria um pouquinho com medo de ler e não gostar na metade ou quase no final, imagina? HAHAHAHA além de ser um gênero que eu não leio tanto. Mas que bom que você gostou, que o talento se mostrou tão promissor, o pai deve tá bem orgulhoso.
    Que legal ver um vilão tão diferente, pelo menos acabo não esperando um carismático. Mas são as diferenças que nos cativam né? Uma pena que a série foi cancelada tão rápido.
    Abraços

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    1. Bruna, obrigado pelo comentário!
      Não tenha medo do número de páginas, você nem percebe quando a história começa a ficar boa.
      Beijos.

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  8. Olá! Hahaha que eu já estava lembrando da série durante a resenha e para ser sincera não sou muito fã do gênero, então assim, nada contra, mas não é uma leitura que desperte meu interesse, pelo menos por enquanto, mas pretendo sim dar uma oportunidade ao gênero algum dia desses.

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    1. Elizete, obrigado pelo comentário!
      Quem sabe um dia você não arrisca, né? Garanto que as chances de gostar são grandes.
      Beijos.

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  9. Olá, Alisson

    Sou confessadamente super medrosa, então já corro logo de livros assim!
    Não sabia que o King tinha um filho escritor também! Que massa! E parece que vai na mesma pegada do pai, matando o povo do coração KKKKK
    624 PÁGINAS?? Bem grande ne? Socorro

    Beijos

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    1. Theresa, obrigado pelo comentário!
      Menina, a família inteira gosta de escrever. Na verdade o King possui DOIS filhos escritores hahahaha.
      Beijos.

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  10. Olá Alison!
    Pelo visto só eu que não sabia do parentesco de Hill com King (vamos usar o mesmo sobrenome aí pra facilitar a vida dos leitores ignorantes, né pessoal?). Eu acho ate meio contraditório ele adotar um sobrenome diferente mas encher o livro com referências às obras do pai, vai entender. Nosferatu me pareceu o tipo de livro onde todos os personagens necessitam de terapia rsrs, inclusive acho que Charlie daria um ótimo objeto de estudo para Freud, o cara é sinistro. Como terror não faz parte do meu repertório literário eu passo, mas com certeza o legado de King será muito bem continuado por seus filhos.
    Beijos

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    1. Aline, obrigado pelo comentário!
      HAHAHAHA A questão do nome realmente facilitaria a nossa vida MESMO.
      Beijos.

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  11. Oii
    eu nunca li nenhum livro do autor, e confesso que tinha mais vontade de ler justamente por ser filho do King hahahha
    Esse parece ser um bom livro para começar, achei a história dele bem interessante, e o livro parece ser muito bom mesmo tendo alguns problemas. Acho que isso da cultura pop e das referências também iriam me incomodar em um livro de terror.

    Bjss ^^

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    1. Pamela, obrigado pelo comentário!
      Se joga! Também foi meu primeiro livro do Hill e eu já virei fã (assim como sou do pai há anos né kkkk).
      Beijos.

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  12. Oii,
    Aii sou louca para ler essa história.
    Parece ser o melhor do Joe Hill, apesar de que essas descrições todas acho cansativas, é um dos motivos que já parei livros do pai dele kkkkk
    Coitada da Vic, fiquei com dó dela, e fico só imaginando como que ela fugirá desse vilão kkk
    bjs

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