É assim que se perde a guerra do tempo - Amal El-Mohtar e Max Gladstone

12 de fevereiro de 2021

Título:
 É assim que se perde a guerra do tempo
Autor: Amal El-Mohtar e Max Gladstone
Páginas: 192
Ano: 2021
Editora: Suma
Gênero: Distopia, LGBT, Romance
Adicione: Skoob
Onde Comprar: Amazon
Nota:  
Sinopse: Uma história que atravessa tempo e espaço para narrar o destino de duas viajantes do tempo rivais que se apaixonam e precisam mudar o passado para garantir um futuro juntas.

Entre as cinzas de um mundo em ruínas, uma soldada encontra uma carta que diz: Queime antes de ler. E assim tem início uma correspondência improvável entre duas agentes de facções rivais travando uma guerra através do tempo e espaço para assegurar o melhor futuro para seus respectivos times. E então, o que começa como uma provocação se transforma em algo mais.

Um romance épico que põe em jogo o passado e o futuro. Se elas forem descobertas, o destino será a morte. Ainda há uma guerra sendo travada, afinal. E alguém precisa vencer.


Este livro foi cedido pela Editora Suma, porém as opiniões são completamente sinceras. Não sofremos nenhum tipo de intervenção por parte da Editora. 


Resenha:

"Uma vida poupada pode ser mais valiosa para o outro do que todo o sangue que mancha as mãos de Red hoje. Uma fugitiva se torna uma rainha ou uma cientista ou, pior, uma poeta."

Red é uma agente. Enviada para diversos filamentos, em cada um deles possui uma missão com um objetivo bem específico, que desencadeia uma série de consequências. Matar alguém pode fazer com que outra pessoa consiga viajar até certo local e nomeie um rei que será o futuro daquele filamento. Mudar os ossos de uma caverna do lugar faz com que um religioso vê como uma boa promessa e mantenha os escombros no lugar, a caverna será o refúgio de uma mulher grávida que dará à luz a uma criança muito importante para o povo daquele filamento, ela ajuda a salvar escrituras quando um vulcão ameaça engolir uma cidade, há diversos filamentos de Atlântida na trança, ou seria Pompéia? Nunca vamos saber.



“Bem-feito. Red odeia o lugar. Para começar, são tantas Atlântidas, sempre afundando, em tantos filamentos: uma ilha na costa da Grécia, um continente no meio do Atlântico, uma avançada civilização pre-Minoica na ilha de Creta, uma espaçonave flutuando ao norte do Egito, e assim por diante. A maioria dos filamentos nem têm Atlântidas, só conhecem o lugar através de sonhos e sussurros alucinados de uns poetas mais alucinados ainda. Porque há tantas, Red não consegue consertar, ou fracassa em consertar, somente uma. Às vezes parece que os filamentos fazem brotar Atlântidas para provocá-la.”

A história de Red é pautada por filamentos que às vezes vamos reconhecer como marco da nossa própria história, apesar de existirem diversas Londres, diversas invasões vikings ou até mesmo várias maneiras do assassinato de César. Porém, nem todos os filamentos são familiares para nós: civilizações que possuem um Deus mecânico, guerra de grandes guerreiros feitos pela robótica que possuem um exoesqueleto diferenciado ou até mesmo espaçonaves sem contato com a Terra. De qualquer forma, Red é implacável e responde à sua missão sem questionar. Até ver uma carta em um filamento após concluir uma dessas missões. Queime antes de ler, é o que diz.

“Não é comum que os jogadores de Jardim encontrem Red no mesmo campo de batalha, no mesmo tempo. [...] Mas tem uma jogadora que iria. Red a reconhece, embora elas nunca tenham se encontrado. Cada jogador tem sua assinatura. Ela reconhece os padrões de audácia e risco." 

 



É assim que nossa história se inicia. Red, através de correspondências assinadas por Blue, começa a conhecer a jogadora do Jardim, agência contrária à sua e, com isso, começam uma dança perigosa de se provocarem através de cartas. Perigosa porque as duas agências estão em guerra, e o que uma jogadora faz, pode interferir na missão da outra. Quando Red chega a um local e precisa abortar sua missão porque o rei que precisava matar já estava morto, ela encontra uma carta de Blue. Quando Blue está em meio a um navio ajudando pescadores a não morrer de fome, ela encontra a assinatura de Red.

Não pense você que as cartas sejam de papel com nanquim e seladas com cera quente por um carimbo que contém a identidade da outra. São cartas escritas de diversas formas e inseridas nos filamentos, escondidas de diversas maneiras para que ambas consigam achar sem geralmente despertarem suspeitas. Blue percebe uma foca aparecer no meio da neve onde está caçando, ela a abre, e encontra um pedaço de bacalhau dentro da foca. O mastiga, e lê a mensagem.

“Quem pode dizer o que Blue pensa durante uma missão, quando missões são frequentemente vidas inteiras, quando a história criada para que ela empunhe um gancho de caçador leva anos? Tantos papéis, vestidos, festas, calças, intimidades envolvidas em conseguir uma cabine e se agasalhar e roupas disformes para se proteger do inverno do Novo Mundo.”

Red está lidando com a fundação de uma grande muralha feita de madeira. Ela é chamada para verificar o carregamento de toras que chegou. Com seu corpo masculino, ela analisa cada um e se depara com uma caligrafia e assinatura conhecida, as linhas da madeira formam uma mensagem, e Red as lê.
Vou explicar mais um pouco. É assim que se perde a guerra do tempo é um livro de distopia e ficção científica, mas não pense você que vai lê-lo e encontrar elementos naturais aos gêneros, nem mesmo características que estejam familiarizados. O livro é mais complexo, não temos certeza em momento nenhum a qual espécie as duas pertencem. Red tem sistemas de descanso que são similares e ficar banhada em um tubo, não sente fome (apenas quando se apropria de corpos humanos e animais), não sabe o que é feio e é imune a dor, pois sua defesa deixa os órgãos intocáveis. Red é direta, pragmática e possui uma personalidade simples e objetiva. Blue é mais carismática, adora o sabor do chá e se sente em casa quando está cumprindo uma missão em Londres. Blue não tem medo de falar o que pensa e confessa que sentir fome pode ser mais prazeroso do que não sentir nada. Ela desperta poesia.

“Comer é nojento, não é? De modo abstrato, quero dizer. Quando se está acostumada com estações de recarga no hiperespaço, com luz do sol e raios cósmicos, quando as maiores belezas que você conhece repousam no coração de uma grande máquina, é difícil entender o apelo de usar ossos que saem de buracos em gengivas cobertas de saliva [...] Mas eu gosto de comer, hoje em dia. [...] Tiro prazer disso, como só sé tira de ações desnecessárias.”

Assim, começam a compartilhar experiências. Blue ensina o que é sentir fome e saciá-la, e imagina o sorriso de Red ao ler a carta. Red faz perguntas objetivas para Blue, mas é puxada para sua rede a cada carta que consome. As palavras são poéticas, Blue gosta de provocar Red quando vê que sua missão no filamento será em vão, ela já passou por ali e fez com que a rota de Red não será possível, mas deixa uma carta, o que faz com que a agente sorria mesmo perdendo. As palavras são poéticas, a linguagem tem um requinte que nem todos os leitores vão gostar, mas que, a cada página virada, faz com que a gente sinta que El-Mohtar e Gladstone nos presentearam.

Mas estamos em guerra, e o relacionamento de Red e Blue é proibido, ambas são agentes de organizações inimigas e, a cada carta lida, fica mais perigoso se entregar ao mar de sentimento que ambas sentem. Qual terá a coragem de se afastar? Como podem fazê-lo se, a cada filamento, uma vê a assinatura da outra? Será que a guerra vence o amor?


Lançamento da Suma, o livro é em capa dura e possui diagramação impecável. As cartas de Blue, a jogadora de Jardim, floreadas com ramos. As cartas de Red, a jogadora de Agência, representada com fios eletrônicos. No início e no final da narrativa, duas ilustrações feitas com nanquim que representam as personagens. A capa faz mais sentido após a leitura, são duas mulheres que representam passarinhos, prontas para voar a descobrir o mundo, mas com asas cortadas por um regime impossível de contornar. 




Com uma estrutura de capítulo + carta + capítulo, É assim que se perde a guerra do tempo nos mostra como é possível que seres tão diferentes e inimigos comecem a se amar e buscar, juntas, um sentimento tão desprezado por nós, mas para elas, únicos: o amor.

Querida Blue,


eu queria poder te ver triunfar [...] Eu serei enviada, sem dúvida, para desfazer o estrago que você causou. E nós vamos correr de novo, nós duas, fio acima e fio abaixo, bombeiros e incendiárias, duas predadoras saciadas apenas pelas palavras uma da outra. Você ri, espuma do mar? Você sorri, gelo, e observa seu triunfo com a indiferença de um anjo? Uma fênix de chama safira, ressurgida, você ordena mais uma vez que eu contemple suas obras e me desespere? Eu te envio esta carta de uma estrela cadente. A reentrada atmosfera vai marcá-la e testá-la, mas não vai derretê-la. Eu escrevo com fogo no céu, um mergulho para combinar com sua ascensão

11 comentários

  1. Já tinha visto a capa do livro na Amazon, mas até esse momento, não tinha visto nada sobre a história. E que história!
    Não leio muita fantasia, ficção científica menos ainda, mas É Assim Que Se Vence A Guerra do Tempo, foge dos clichês dos dois gêneros e isso me atrai muito.
    #Curiosa para conhecer a história de Blue e Red.

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  2. Eu admito com vergonha que não fazia nem ideia da existência desse livro,mas fiquei encantada com a capa e o enredo.
    Esse misturar distopia, ficção científica e fantasia, é algo que só os bons conseguem fazer com maestria.
    E mesmo com a minha dificuldade de entender essa mistura, eu fiquei encantada com as fotos acima, a diagramação parece ser linda demais!
    Sim, quero muito ler!!!E ver e sentir o amor rs
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor

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  3. Meu Deus, o livro é muito lindo por dentro, essas ilustrações ainda nao tinha visto!!! Que coisa linda!!!
    To muito afim de ler esse livro, acho o assunto onde se passa muito interessante e a representatividade também é muito legal de se ter. Que edição linda!!

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  4. Olá Mariana!
    Que livro fantástico!!! Tanto sua diagramação quanto a história são lindas. Já estava achando que a correspondência seria através de cartas estilo realeza mesmo, mas aí não seria muito realista, né? só que essa história da foca me deixou chocada rsrs. A estrutura da narrativa parece ser bem fluida. Com certeza vale a pena se arriscar tanto quanto as protagonistas para encontrar o amor veradeiro.
    Beijos

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  5. ola
    confesso que a sinipse me pareceu muito confusa ,não gosto muito de distopia e de ficçaõ cientifica e ainda tem a questão do tempo ,não entendi se tem viagem no tempo . pois tambem não aprecio muito essa tematica .mas que bom que a leitura foi 5 estrelas para voce.

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  6. Oiii
    Eu nunca tinha ouvido falar do livro, mas já adorei conhecer ele agora! Hoje em dia eu não leio tantos livros de distopia, mas achei a história desse livro super interessante e diferente!
    Sem contar que essa edição está linda né?! Fiquei apaixonada na capa e no livro todo por dentro. Já fiquei morrendo de vontade de ler 🥰

    Bjss ^^

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  7. Carambaaa, um livro 5 estrelas e com poucas páginas?? Sabe que eu vejo que isso não é comum. Dentro do meu top 5 da vida tem O Pequeno Príncipe, que é um livro pequeno, mas não encontro muitos por aí. Fiquei bem curiosa pra saber sobre do que se tratava esse livro.
    Fiquei chocada positivamente com a sinopse, parece um livro tão intenso, além de ser bem bonito visualmente.

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  8. Mariana!
    Gosto muito de ficção/fantasia/distopia, mas deve confessar que fiquei bem confusa com ese aqui.
    No final, a meu ver, parece mais um romance impossível de ser vivido com proximidade e sim, através de cartas.
    Gosto dessa linguagem mais romanceada e poética.
    cheirinhos
    Rudy

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  9. Olá, Mariana

    Fiquei passada que é uma distopia lgbt! Muito massa, já quero muito ler.
    Fiquei sem entender muito a história, mas já corri pra adicionar na minha lista.
    Achei estranho ter 192 páginas, um livro relativamente curto para ser uma distopia.

    Beijos

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  10. Olá! Nossa uma história bem diferente e mesmo se tratando de um dos gêneros que eu menos gosto, confesso que fiquei curiosa, ainda mais por trazer duas protagonistas, ai ai, como será que isso vai terminar!

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  11. Oii,
    um livro curioso, sem dúvidas.
    Achei um poouco confuso, mas também interessantíssimo.
    Principalmente pelas cartas,e toda essa poesia.
    Vai pra lista!
    bjs

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