Paixão por Vilões - Parte I

 

Eles são ruins, tomam atitudes duvidosas e fazem o possível (e o impossível) para barrar os objetivos dos heróis. A motivação é diversa: poder, inveja, riqueza, ou apenas porque eles querem e pronto.

Mas por que os vilões são tão amados, mesmo praticando o mal?

Esse assunto é muito controverso dentro da literatura e do cinema, mas uma certeza que temos é de que os vilões ganham cada vez mais espaço no coração das pessoas e até mesmo roubam o protagonismo do herói.

Se você perguntar a qualquer um que pesquisa sobre esses arquétipos, vários deles vão dizer que um dos principais motivos do vilão ser tão amado é o modo como ele conversa com a gente. Cada um de nós, de certa forma, consegue se conectar com o vilão, pois os entendemos. O ser humano tem dentro de si o anseio quase primitivo de quebrar regras, desejamos fazer algo incorreto, antiético e sórdido, mas somos ensinados de que isso é errado.

O vilão representa esse lado nosso, ele é fiel às próprias vontades e não faz uso da régua que separa o certo e o errado para conseguir o que quer. Então não fique nervoso quando você se solidariza com um vilão, ou o adora. Ele apenas ilustra um lado seu que você faz de tudo para abafar, mas sente prazer em vê-lo sendo exposto de outras maneiras.

Na série de postagens sobre eles, vou trazer um pouco para vocês sobre esses antagonistas e como eles são vistos pelo leitor ou espectador.

"Aro gargalhou de novo. — Você é muito corajoso, Edward, por ter suportado em silêncio. Eu pedi para Jane fazer isso comigo uma vez, só por curiosidade. — Ele balançou a cabeça com admiração."

Eu sempre digo que Stephenie Meyer pecou na construção da narrativa do seu livro. Boa parte disso é por ela ter criado personagens tão interessantes, mas ter focado em Edward Cullen e Bela Swan, um casal sem sal e carisma. Os vampiros de Meyer podem ser bem diferentes de outros da literatura ou cinema, mas não podemos negar que os Volturi fogem um pouco do desse conceito. Lua Nova se torna imensamente interessante quando somos apresentados à realeza vampírica, e no centro de tudo, está Aro.

Descrito por Bella como um vampiro de rosto pálido, a pele quase translúcida, olhos vermelhos leitosos, cabelos negros e uma pose aristocrática, é Aro que decide o destino de Edward depois de sua imprudência, e conseguimos ver que, com esse vampiro, o buraco é muito mais embaixo. A ironia e ganância de Aro ficam evidentes pelo modo como ele trata toda a situação e todos que estão ali. Para ele, vampiros são peças em sua coleção, e Edward e Alice são raridades que ele cobiça.

Interpretado brilhantemente por Michael Sheen, que deu uma roupagem ao personagem sem que Aro perdesse a essência, o líder de Sheen possui a mesma ganância das páginas do livro, mas um ar mais lunático e cômico. A risada no filme Amanhecer – Parte 2 continua sendo uma das preferidas dos fãs. Um excelente ator para um excelente personagem.

Eu já passei da época de Crepúsculo, mas acredito que Aro Volturi continua sendo um dos meus personagens preferidos da saga, e se Meyer resolver lançar um livro com a história dele (e não um calhamaço com pensamentos de Edward), eu leria com prazer! É de Aro várias fanfics no mundo do fandom, e nosso primeiro vilão dessa série.

"— Gostaria de encontrar o diabo numa noite dessas — disse-me certa vez com um sorriso maligno. — Já procurei-o até nos desertos do Pacífico. Eu sou o diabo. — E quando me espantei com isso, teve um crise de riso"

Ele é irônico, sarcástico e irresistível.

Anne Rice não nos poupou de vampiros lamentosos, inseriu Louis no romance que abre As Crônicas Vampirescas, Entrevista com o Vampiro, e narra a história de como Lestat apresentou a imortalidade para Louis.

Se por um lado temos vampiros como Edward Cullen e Louis de Pointe du Lac se massacrando mentalmente por serem vampiros, por outro temos Lestat adorando cada momento de sua imortalidade e abraçando a crueldade, frieza e indiferença com a vida humana. Apesar de fazer sua sua primeira aparição em Entrevista com o Vampiro, é em O Vampiro Lestat que temos ideia de como a mente de Lestat de Lioncourt funciona.

Quem lê Lestat nos livros de Rice, não imagina que ele foi contra ser transformado. É descrito como um vampiro sedento por conhecimento e um pouco irresponsável pelas suas atitudes. Está sempre buscando o poder, e a sua fonte para ter isso. Ele não pensa muito nas consequências do que faz, e isso o torna único, pois muitas passagens e acontecimentos d'As Crônicas Vampirescas começam por causa da sua insensatez em seguir regras.

E é por isso que ele nos representa e nós o amamos!

Interpretado brilhantemente por Tom Cruise na adaptação de 1994, que pareceu encarnar o personagem de uma forma tão criteriosa que Lestat ganhou visualmente gestos, sorrisos e maneirismos idênticos ao seu personagem nas páginas. Anne Rice precisou pedir desculpas publicamente quando viu o filme e percebeu que, ao dizer que Cruise nunca daria conta do recado, cometeu um engano.

Mas seria Lestat um vilão? Ou apenas um personagem que faz o que pensa sem medir consequências e pensar nos outros? Não seriam essas as características marcantes de um bom vilão?

"O meu abrigo será um manto da noite. Para envelhecer minha voz, um riso de uma bruxa. Para branquear meus cabelos, um grito de horror"

Desde pequena eu nunca entendi muito o motivo da Rainha Má querer tanto matar a Branca de Neve. Isso porque não entrava na minha cabeça que a Branca de Neve era mais bonita que a Rainha Má, e até hoje minha opinião é a mesma.

Acredito que são dois padrões de beleza muito diferentes, se formos analisar os dois arquétipos com calma. Branca de Neve é a inocente, com uma beleza pura e sem defeitos, pele alva, boca vermelha e lábios em formato de maçã. A Rainha Má é a governante, possui uma beleza feroz e indomada, um olhar forte e que pode deixar muitos com joelhos trêmulos. As duas possuem beleza, mas Branca de Neve nunca terá o que a Rainha Má tem: a sensualidade de um vilão.

Mas, Cora, vilão não é sensual! Claro que é, minha gente! Acorda! Se você uma vez já se sentiu atraído por um vilão, pode ficar tranquilo que isso é comum, como dito no post que abre essa série, o vilão carrega o lado que todos temos, mas tentamos sufocar, ele faz o que quer e sem dor na consciência, e faz isso com sensualidades, um sorriso torto no rosto e discursos fascinantes!

A Rainha Má do clássico da Disney não tem a oportunidade de aparecer com seu manto, sua coroa e seu rosto poderoso em todo o filme, pois está disfarçada como uma velha que vende maçãs, mas podemos ver nossa rainha em outras representações, como a Regina Mills, interpretada por Lana Parrilla na série Once Upon a Time, uma das minhas releituras preferidas dessa vilã. E, claro, pela belíssima Charlize Theron no filme Branca de Neve e o Caçador, lançado em 2012. Theron levou às telas uma Rainha Má ainda mais sensual e ruim. Quem precisa da cantoria da Branca de Neve quando temos rainhas tão poderosas?

Sem escrúpulos, bela e vaidosa, ela mata para ter o que deseja. E é por isso que a Rainha Má está nessa lista de vilões queridos! 🖤

E você? Gostam de vilões? Aposto que você tem um vilão preferido e não sabe de onde saiu esse fascínio por ele, certo? Pode ficar tranquilo(a) que aqui temos muito em comum, e ainda vou trazer vários deles para essa série de postagem que estou desenvolvendo!

Comenta aqui, para qual vilão você passa o pano, quem sabe ele não aparece nessa série?

Atenção: esse post também foi divulgado/postado no meu IG de autora, mas publicado apenas aqui além dele. O conteúdo é autoral e divulgado apenas no blog.