O Céu de Pedra – A Terra Partida, Livro 03 - NK Jemisin

Título: O Céu de Pedra – A Terra Partida, Livro 03

Autor: NK Jemisin

Páginas: 512

Ano: 2019

Editora: Morro Branco 

Gênero: Literatura Estrangeira, Fantasia, Ficção Científica, Ficção.

Adicione: Skoob

Onde Comprar: Amazon

Nota:   

Sinopse: É ASSIM QUE O MUNDO TERMINA.PELA ÚLTIMA VEZ. A Lua em breve retornará. Se isso irá trazer a destruição da humanidade ou algo ainda pior dependerá de duas mulheres. Essun herdou o poder de Alabaster Tenring. E com ele, tem a esperança de encontrar sua filha Nassun e estabelecer um mundo no qual toda criança orogene possa crescer em segurança. Para Nassun, o domínio de sua mãe sobre o Portão do Obelisco vem tarde demais. Ela foi testemunha da perversão do mundo e aceitou o que sua mãe não quer admitir: às vezes o que é corrupto já não pode ser purificado, apenas destruído. A marcante conclusão da trilogia best-seller do New York Times, ganhadora de três Hugo Awards em sequência.

Resenha:

“Vou lhe contar como abri o Portão e afastei a Lua, e sorri enquanto fazia isso.

E vou lhe contar tudo sobre como, mais tarde, a medida que o silencio da morte recaía sobre nós, sussurrei:

Agora.

Agora.

E a terra respondeu sussurrando:

Queimem.”

O Céu de Pedra, é o final épico para a trilogia premiada A Terra Partida, do gênero fantasia e ficção científica. TODOS os livros desta trilogia são ganhadores do prêmio Hugo Awards. Garantindo que a autora N.K Jemisin seja a primeira autora negra a ganhar o prêmio, e única escritora a ganhar três vezes consecutivas. É um feito não somente importante como extremamente merecido. 

O Céu de Pedra é publicado no Brasil pela Editora Morro Branco, com uma edição muito bonita, a capa é belíssima, diagramação charmosa que combina perfeitamente com o livro.

Poucos livros de fantasia atuais surpreenderam-me tanto quanto eles.

Por se tratar de uma resenha de série, pode conter spoilers dos dois primeiros livros, porém tentarei minimizar ao máximo, e caso queiram conhecer um pouco mais temos resenhas empolgadas e apaixonadas deles aqui também, para ler basta clicar nas imagens abaixo:

                                          

O Céu de Pedra me arrebatou o coração... Pronto é isso! Talvez vocês se lembrem que eu amei muito os dois primeiros livros, e estava com muita expectativa para a leitura da conclusão da trilogia. E se eu pensei que ia ser ótima a experiência, eu só digo que não estava preparada para o quanto essa história poderia ficar melhor! Com ela concluída podemos apreciar a beleza de uma história que une a fantasia a ficção científica com grande estilo é que além disso possui uma crítica social importante para o mundo!

Como é o ultimo livro, eu não vou falar praticamente nada do livro em si, vou dividir com vocês a minha experiência de leitura.

Primeiro falarei brevemente sobre a trama em si no geral.

A trilogia toda, é uma jornada de vários personagens em um mundo pós apocalíptico. E é impossível não se conectar com os personagens. Você os odeia e os ama. 

É o nosso mundo, mas ele não é nada como lembramos ou podemos imaginar, enquanto vamos lendo, podemos perceber os fragmentos da nossa civilização e do nosso mundo neste mundo de fantasia. Em algum momento a humanidade evolui tanto em tecnologia, que criou uma sociedade que vive em simbiose com a natureza, cujo lema é toda vida é sagrada, e que resolveu que explorar povos para garantir a vida boa de uma parcela da nação não era o bastante, afinal toda vida era sagrada né...

Então voltou sua cobiça para explorar a própria terra, e com isso selou a destruição do mundo como eles conheciam.

Séculos depois, melhor dizendo milênios depois temos A Quietude. O mundo conhecido, que consiste em um aglomerado de cidades e povoados que variam de minúsculos a uma cidade de grande porte (grande porte aqui é bem relativo, não seria considerado grande porte na nossa civilização de jeito algum...) que existem em cima de placas tectônicas, sobrevivendo a tremores de pequenos a imensos.

A terra, agora é conhecida como Pai Terra, e ele odeia a humanidade. A todo o momento planeja a extinção dos humanos, e os tremores de vez em quando são tão fortes que surge uma quinta estação que redefine todo mundo novamente. As quintas estações, é como é chamado o tempo logo após uma grande catástrofe, um vulcão, uma fenda separando o mundo conhecido etc. cada quinta estação é diferente. Já teve desde uma década de chuva ácida desolando o mundo a cem anos de peste etc...

“Quando dizemos que “o mundo acabou”, lembre-se: normalmente é mentira. O planeta esta bem.”

O que mantém a humanidade resistindo é que no decorrer dos anos, décadas e séculos uma parcela da humanidade foi aprimorando um dom, a Orogenia. Capacidade de controlar os tremores da terra, moldar e controlar terra, pedra etc.

Em um mundo ideal eles seriam os heróis não é mesmo? Porém, eles são a minoria, e séculos e séculos de controle da massa humana normal, os definiu por lei como seres inumanos e sem direito. Caçados como monstros, eles só são tolerados se servirem ao fulcro, uma ordem criada para controlá-los. Eles vivem então como pessoas consideradas de segunda classe por assim dizer, e não tem expectativas alguma de melhora de qualidade de vida.

É nesse mundo que temos a história de Damaya, Syn, Essun... Protagonista do primeiro livro que nos leva a acompanhar o que motivou o fim do mundo... Novamenteem a quinta estação.

No segundo livro o portão de obelisco, os protagonistas se ampliam e temos outros pontos de vista para a história. Essun, Nassun, Alabaster, Innon, Hoa, entre outros, sendo Essun e Nassun, mãe e filha as principais protagonistas. Enquanto a mãe sai em jornada atrás da filha que foi levada, está conhece um personagem que moldará sua vida em uma direção perigosa.

Essun, esta tentando salvar a filha, mas recebe de Alabaster, a missão de salvar o mundo, acabando com uma guerra que dura já há milênios entre os humanos e a terra.

“Nem todos os que lutam usam facas, afinal.”

O que nos leva a O Céu de Pedra, último livro e que nos responde todas as perguntas que me torturaram nos primeiros livros... Como tudo começou?

Eu tinha algumas teorias, e acertei algumas coisas, mas nada me preparou para a teia complexa e bem escrita de Jemisin para esses livros. Conforme explicações foram dadas, acontecimentos dos livros se tornaram ainda mais impactante. Como uma história dentro da história. 

No último livro além de Essun e Nassun, Hoa é um narrador e tudo muda. Nem sei mais o que falar que pode não ser spoilers, tudo é tão intricado que dizer mais pode diminuir a maravilha da experiência de leitura desses livros.

Uma coisa que preciso falar é: a escrita da autora é bem densa e complexa. Ela escreve um livro de fantasia e ficção cientifica. Ou vice versa, como acharem melhor. A tecnologia causou o fim do mundo, mas não sozinha, os elementos mágicos existem, a orogenia, é magia, todo ser vivo possui uma magia intrínseca em si e nesse livro, tudo é muito bem explicado e utilizado para a narrativa. É o livro que possui mais informações direta. Nos primeiros livros os protagonistas precisam tatear as cegas para entenderem tudo o que esta ocorrendo, aqui existe mais respostas, pelo menos para o leitor. Os personagens continuam sofrendo. Exceto Hoa. 

“- Acho – diz Hoa lentamente – que, se você ama alguém, não escolhe como eles vão corresponder ao seu amor.”

Pela trama do livro ser bem rica, eu recomendo a leitura dos livros com pouco tempo entre um e outro, o que explica a autora ter publicado um a cada ano lá fora. Continue assim Jemisin!

Posso adiantar que encerrei a leitura se não feliz com o final do livro – porque eu amo alguns personagens e o fim deles não é bom... – satisfeita com a conclusão. Existe realmente uma jornada que os personagens realizam, e ao final, tem uma conclusão muito bem amarrada. Agridoce? Sim... Nem tudo o que eu queria aconteceu, mas com a história em si, era apenas um sonho e devaneio o meu desejo de felicidade plena para todos. Mas ainda resta esperança, no futuro quem sabe.

A escrita de Jemisin é fascinante e empolgante. Você mergulha no livro e vive o que ela escreve. Os personagens ricos e complexos, os temas que ela trabalha de plano de fundo da história são extremamente importantes, este livro ainda mais que os outros, fala do racismo, do complexo de deus, do preconceito, do ser humano sendo vilipendiado para o lucro de uns poucos. Por tudo isso, acredito que deveria ser muito compartilhado e incentivado a leitura. Mesmo para quem normalmente não gosta de ficção cientifica ou fantasia, é uma leitura que merece uma atenção. Decidi que será uma que vou panfletar. E muito.

“Mas, para uma sociedade construída com base na exploração, não existe ameaça maior do que não restar mais ninguém para oprimir.”

Esta foi uma das últimas leituras do ano passado e considero uma favorita do ano também. Espero que se empolguem com a resenha e leiam para saber se os personagens venceram e conseguiram sobreviver ou não. E não esqueçam é uma história de amor, lealdade e abnegação. É sobre o fim de um mundo, e que um fim pode ser um recomeço!

Ainda estou me recuperando desse livro, então podem imaginar o quão amei ele! 

Até a próxima