Título: Menina Feita de Estrelas
Autor: Ashley Herring Blake
Páginas: 328
Ano: 2020
Editora: Plataforma21
Gênero: Romance
Adicione: Skoob
Onde Comprar: Amazon
Nota:
Resenha:
Ano: 2020
Editora: Plataforma21
Gênero: Romance
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Nota:
Sinopse: No mês de junho, quando a constelação de Gêmeos despontava no céu do hemisfério Norte, nasceram Mara e Owen. Uma irmã e um irmão unidos pelos astros. Quando a noite caía, os dois subiam no telhado de casa para observar as estrelas e compartilhar histórias. Eles estavam lá um para o outro e nada poderia separá-los. Um dia, porém, Owen é chamado à diretoria do colégio. A namorada do garoto, Hannah, o acusara de estupro. E, como amiga e fundadora do Empodera – um coletivo feminista –, Mara sabe que tem o dever de apoiar a garota. No entanto, como fazê-lo quando o agressor é seu irmão gêmeo? Dividida entre sua família e o próprio senso sobre certo e errado, Mara também precisa aprender a conviver com Charlie – sua melhor amiga e ex-namorada. E como se tudo isso não bastasse, um trauma do passado volta para atormentar ainda mais seus pensamentos.
Uma leitura difícil de digerir. É importante ressaltar que a obra pode apresentar gatilhos por abordar violência sexual.
Após uma noite de festa e bebedeira entre amigos, a última coisa que passaria na cabeça de Mara era a acusação de que Owen, seu irmão gêmeo ao qual é inseparável, violentou sexualmente uma de suas melhores amigas, Hannah. Sem saber como lidar com essa notícia, a jovem também se vê assolada por sentimentos conflitantes em relação a sua ex-namorada, Charlie, à medida que precisa enfrentar a sua família sob a pressão de um trauma do passado que volta a assombrá-la.
Atual e necessário. Essas duas palavras resumem muito bem a trama dessa obra, que aborda o estupro de uma forma ao mesmo tempo cuidadosa e realista. A autora consegue expressar perfeitamente ao leitor como a sociedade machista e misógina desacredita as vítimas desse tipo de violência, e aqui temos muito o que refletir sobre isso, pois Hannah era namorada de Owen.
"Penso em tudo que quero dizer para ela, mas não consigo elaborar nada, não consigo separar o que me contaram do que eu acredito, do que sinto. Os meus pensamentos estão uma confusão só".
Diferentemente de outras abordagens, observa-se a construção do tema levando em consideração a relação íntima não consensual entre um casal. E nesse sentido preciso elogiar a perspicácia que Blake teve para direcionar a discussão sobre o estupro no sentido de que duas pessoas estão juntas mas uma não está a fim de ter uma relação íntima em determinado momento. Por isso conseguimos entender o choque da protagonista, uma vez que seu irmão era uma pessoa extremamente amorosa e querida por todas, inclusive um bom namorado.
Mara, por sinal, é uma personagem forte e muito fiel às suas amigas. As passagens nas quais a protagonista precisa encarar Hannah depois da acusação são tão bem construídas que conseguimos sentir o medo e a vergonha por parte de ambas, embora saibamos muito bem que as amigas são duas vítimas em tudo isso.
O trauma que Mara precisa enfrentar também acrescenta mais carga dramática a uma leitura já notadamente pesada, porém acompanhar a libertação da personagem em meio e tudo isso é satisfatório e emocionante. A adolescente é uma amiga maravilhosa e bem resolvida em relação à sua sexualidade, porém senti certa instabilidade nas suas decisões e interações com o irmão. É compreensível que seja difícil associar a imagem de uma pessoa querida com um crime, mas senti falta de um confronto direto.
"Mas também tem outra menina dentro de mim. Cansada. Com medo. Sozinha. Com raiva. Arrasada. Ferida. Ela levanta da cama, mas não vai atrás do irmão. Ela não tem irmão".
Em relação ao relacionamento entre Mara e Charlie, fiquei muito irritado no decorrer da leitura.
Apesar da representatividade LGBTQIAP+ que existe na trama (e de forma muito natural, por sinal), não consegui me importar com os dramas ao estilo "quero e não quero" das personagens. que ficam brigando O LIVRO TODO, o que soa particularmente irritante.
E até daria para passar pano nessas discussões se não fosse o falho desenvolvimento do viés feminista que Ashley quis inserir na trama. Claro que não é o meu lugar de fala, mas acredito que a autora não aprofundou nem um pouco essa característica da protagonista, visto que esse grupo encabeçado por Mara para "destruir o patriarcado" só é citado. Seria interessante se o Empodera fosse melhor trabalhado e explorado dentro da questão envolvendo Hannah, logo não entendi aonde a autora queria chegar.
Por tudo isso, Menina Feita de Estrelas se consolida como uma excelente ferramenta para refletirmos sobre consentimento, violência sexual e autoculpabilização, embora seja instável no desenvolvimento das tramas adolescentes clichês, que aqui são superficiais e não convencem. Porém não deixem de ler a obra, pois Ashley Herring Blake deixa bem claro a importância de não se calar frente uma agressão, seja ela qual for. Falem, sempre terá alguém para ouvir.
"Mãe...pai...preciso contar uma coisa para vocês. Pela Hannah. Pela Charlie. Por todas as meninas cujo nome jamais saberei. Por mim. Uma menina de carne e osso".
Até mais galera!
Já havia dado uma espiada nesse livro, mas admito que nunca havia parado de fato, para ler do que se tratava!
ResponderExcluirE estou aqui surpresa com o conteúdo, cruel e necessário, infelizmente.
Em uma semana onde a violência sexual, já antiga e atual, de um "famoso" jogador de bola fascista,veio à tona mais uma vez,temas como estupro, violência e abusos precisam ser colocados na roda o tempo todo!!
Com certeza, adorei e já quero muito ler!
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor
Oi, Alison!
ResponderExcluirPor isso eu sempre acho que aquele ditado "não julgue o livro pela capa" é extremamente real. Quem olha a capa desse livro sem saber do que se trata, acha que a história é um YA bobinho e leve. Fiquei beeeeem surpresa ao saber dos assuntos que aborda. Tô saindo de uma leitura super pesada, atualmente, acho que não seria um livro pra mim agora.
Minha cara quando eu li a sinopse: :O Que grande confusão! Realmente, deve ser um choque saber que alguém próximo a você é capaz de uma atrocidade dessa, mas é mais comum do que a gente imagina, infelizmente. Nesse caso, não existem lados ne... sendo namorados ou não, isso é um completo horror. Parece que o tema foi abordado de forma coerente, mesmo que não brilhantemente. Vou procurar mais resenhas sobre ele.
ResponderExcluirAbraços
Oi Alison,
ResponderExcluirUm livro infelizmente muito necessário.
Quando estamos na posição de ter alguém que amamos sendo quem comete um crime, é bem complicado. Mas não adianta passar mão e fechar os olhos nesses momentos!
Esta na minha lista de leitura!
Foi, uma leitura difícil porém extremamente necessária.
ResponderExcluirSabemos que infelizmente a obra reflete a nossa realidade e a autora insere vários assuntos pertinentes para reflexão.
Acredito que se trata de um material poderoso para difundir mais ainda a necessidade de expor esse crime tão hediondo.
Beijos.
Alison!
ResponderExcluirMuito bom a autora abordar o estupro entre os casais, porque acontece muito na realidade e muitas vezes as parceiras ficam reprimidas e são por vezes, acusadas de mentirosas, um absurdo total.
Quanto aos clichês adolescentes, acredito que é normal as discussões, ainda mais em um relacionamento LGBTI+.
cheirinhos
Rudy
Oiee
ResponderExcluirNão conhecia esse livro, mas fiquei com bastante vontade de ler ele!! O tema tratado é bem delicado mesmo, e já imagino o quanto deve ser difícil ver uma pessoa tão importante e próxima a você fazer algo assim! Acho que nunca li um livro parecido com esse e fiquei bem interessada na história. Mas é uma pena que a autora pecou um pouco no relação dos irmãos e nessas tramas adolescentes.
Bjss ^^
Olá! Mais um livro que eu não conhecia, mas que já estou para lá de interessada, além de abordar um tema pesado, mas (infelizmente) necessário, também traz a relação de gêmeos (mesmo nessa situação) já quero saber mais.
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