Autor: Octavia E. Butler
Páginas: 432
Ano: 2017
Editora: Morro Branco
Gênero: Ficção científica, Literatura Estrangeira.
Adicione: Skoob
Onde Comprar: Amazon
Nota:
Sinopse: Em seu vigésimo sexto aniversário, Dana e seu marido estão de mudança para um novo apartamento. Em meio a pilhas de livros e caixas abertas, ela começa a se sentir tonta e cai de joelhos, nauseada. Então, o mundo se despedaça.Dana repentinamente se encontra à beira de uma floresta, próxima a um rio. Uma criança está se afogando e ela corre para salvá-la. Mas, assim que arrasta o menino para fora da água, vê-se diante do cano de uma antiga espingarda. Em um piscar de olhos, ela está de volta a seu novo apartamento, completamente encharcada. É a experiência mais aterrorizante de sua vida... até acontecer de novo. E de novo.Quanto mais tempo passa no século XIX, numa Maryland pré-Guerra Civil – um lugar perigoso para uma mulher negra –, mais consciente Dana fica de que sua vida pode acabar antes mesmo de ter começado.“Impossível terminar de ler Kindred sem se sentir mudado. É uma obra de arte dilaceradora, com muito a dizer sobre o amor, o ódio, a escravidão e os dilemas raciais, ontem e hoje” – Los Angeles Herald-Examiner
Resenha:
“O problema começou muito antes de 9 de junho de 1976, quando me dei conta dele, mas 9 de junho é o dia que me lembro. Era meu aniversario de vinte e seis anos. Também foi o dia em que conheci Rufus – o dia em que ele me chamou pela primeira vez.”
Kindred, é um clássico da literatura americana, escrito pela grande dama da ficção cientifica Octavia E. Butler, é um livro de viagem no tempo, cuja trama é uma imersão na história dolorosa da escravidão e da cultura negra. Publicado no Brasil pela editora Morro Branco, possui duas edições, uma em capa dura e outra em brochura. A capa é muito bonita e já entrega o conteúdo delicado e forte da trama. Com uma linda diagramação e uma excelente tradução o livro, me fez ficar em um silencio doloroso em muitos momentos.
Na história vamos acompanhar Dana e seu marido Kevin, eles acabaram de mudar para uma nova casa e apesar de ser aniversario de Dana, ela está muito cansada e não deseja sair para comemorar. Quando ela começa a se sentir uma sensação horrível e uma tontura. Quando ela abre os olhos ela não está mais em sua casa e sim na beira de um rio, onde um garoto esta se afogando. Sem pensar em nada, ela se joga no rio para salvar o garoto, ignorando gritos em sua direção. Ao resgatar a criança, ela acaba se vendo ameaçada por uma espingarda. É quando a sensação ocorre novamente e ela se vê novamente em sua casa em segurança. Seu marido em pânico não entende como sua esposa sumiu e reapareceu pouco depois encharcada e cheia de lama. Nem ela.
Logo isso acontece novamente, ela surge em outra ocasião, onde o mesmo garoto esta em risco de vida, ela o salva novamente. O garoto chamado Rufus é agora um pouco mais velho do que a primeira vez. Logo Dana, começa a desvendar os motivos que a levam a viajar no tempo, isso mesmo, ela não somente some e reaparece toda vez em que ele está em perigo, mas é uma viagem no tempo.
Para uma época no passado onde a escravidão era legalizada, e Dana como uma mulher negra se vê em meio de um perigo imediato.
Esses acontecimentos acontecem varias vezes ao longo do livro, e ela sempre precisa voltar para salvá-lo. Aos poucos vai desvendando os motivos para isso, aquele é seu ancestral.
É aqui que a trama se aprofunda, nem sempre essas viagens são rápidas, em algumas delas ela precisa viver nesse período, o que a obriga a vivenciar os horrores da escravidão, branca demais para ser considerada um deles, negra, para ser branca ela se encontra muito vulnerável. Rufus é o filho de um fazendeiro cruel, branco ele será o responsável pela linhagem de sangue que gerará Dana. É importante que ela o mantenha vivo.
“Era, por isso que eu estava aqui? Não apenas para garantir a sobrevivência de um menininho que sempre estava em perigo, mas também para garantir a sobrevivência de minha família, meu próprio nascimento?”
Mas o quanto ela precisará suportar por isso?
As várias viagens no tempo, acabam por mudar muito como a própria Dana vê a sua vida, seus relacionamentos e sua posição no mundo como mulher e negra.
“Não sabia que as pessoas podiam ser condicionadas com tanta facilidade a aceitar a escravidão.”
Octavia não romantiza o período da escravidão. Violência, estupros, racismo e muita brutalidade são retratados. Até mesmo Dana, descobre que está presa a esse ciclo de viagem no tempo, sua vida sendo totalmente mudada, ela não dispõem de liberdade mais. Nunca sabe quando será levada de seu tempo e obrigada a salvar uma criança que enquanto cresce se torna mais cruel e menos humana.
Como pode imaginar, Kindred, Laços de Sangue é um livro difícil de ler, porém, necessário, uma leitura que se torna parte da sua vida e capaz de ser um catalisador: de emoções, debates, mudanças de opinião. Impossível ler ele e não tirar um tempo para refletir.
“- Talvez eu seja só uma vítima de roubo, estupro ou algo assim... Uma vítima que sobrevive, mas não se sente mais segura. – dei de ombros. – não sei explicar o que aconteceu comigo, mas não me sinto mais segura.”
Não é um livro que eu recomendo ler muito rápido, algumas partes são extremamente dolorosas, mas é um livro que acredito possa ajudar a muitos a compreenderem a escravidão e suas múltiplas facetas. Escrito em 1976, é infelizmente muito atual, já que muito ainda precisa ser feito para que a escravidão seja compreendida por todos e para que o racismo seja erradicado.
Com uma escrita direta e fluida, Octavia teceu uma trama riquíssima de significados, suas críticas sociais, o modo como aponta as atrocidades que a raça negra foi forçada a viver é impactante. Contundo, é na forma densa e bem trabalhada da criação de seus personagens que está um dos pontos mais altos desse livro. Todos são assustadoramente reais. O que trás uma conexão instantânea entre leitor e história. O que torna tão boa a leitura quanto triste.
Recomendo muito a leitura e o debate desse livro.
Até a próxima.
Este livro é maravilhoso! Aliás, acompanhar as viagens de Dana é como sentir na pele sua dor, sua compaixão, seu amor.
ResponderExcluirCada página lida é um afago e uma facada no coração e sim, por momentos, é preciso parar a leitura e somente ficar olhando o vazio.
Pois se fica sem palavras!
Octavia é linda de viver e pelo que ando lendo, seu nome tem se firmado entre as grandes escritoras do nosso tempo, merecidamente!
Um livro super recomendado!
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor
Olá! Atualmente venho me deparando muito com o nome da autora, e acho que não é para menos neh! Mas o que me faz ficar com o pé atrás (pelo menos até agora), em relação a sua escrita são aquelas duas palavrinhas ali encima, “ficção cientifica”. Em contrapartida essa sinopse e principalmente essa resenha me fizeram rever esse conceito, pois pelo jeito aqui temos muito mais que uma ficção hein, a história aborda temas bem mais complexos, tristes e pesados e eu fiquei bem curiosa, mesmo já sabendo que vou ter que respirar fundo para encarar a leitura.
ResponderExcluirVivian!
ResponderExcluirBom ver que o livro escrito na década de 70, se tornou atemporal, afinal, a escravidão é um tema recorrente e de muito sofrimento e que infelizmente ainda existe, mesmo que de forma mais amena, porém ainda se faz presente.
Nem imagino ter um filho e ver que sofrerá as dores da escravidão...
cheirinhos
Rudy
Olá!
ResponderExcluirTinha visto esse livro mas nunca parei para saber mais. Ao ler a resenha fiquei muito curiosa por ela, tem uma premissa ótima e ainda mais ter viagem no tempo foi o que me deixou mais curiosa ainda. Espero ler logo!
Meu blog:
Tempos Literários