Prólogo, Ato, Epílogo - Fernanda Montenegro

Título: Prólogo, Ato, Epílogo
Autor: Fernanda Montenegro
Páginas: 392
Ano: 2019
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Memórias, Autobiografia, Literatura Brasileira.
Adicione: Skoob
Onde Comprar: Amazon 
Nota:    

Sinopse: No marco de seus noventa anos, as memórias de Fernanda Montenegro trazem o frescor de uma artista eternamente genial.
Em Prólogo, ato, epílogo, Fernanda Montenegro narra suas memórias numa prosa afetiva, cheia de inteligência e sensibilidade. Conhecemos a saga de seus antepassados lavradores portugueses, do lado paterno, e pastores sardos, do lado materno. Lidas hoje, são histórias que podem “parecer um folhetim. Ou uma tragédia” ― gêneros que a atriz domina com maestria.
Na turma de jovens que circulavam pela rádio estava Fernando Torres, que ela reencontrou nos ensaios da peça Alegres canções na montanha, quando começaram a namorar. Fernando largou a Panair, Fernanda largou a Berlitz, e o casal se entregou de corpo e alma à arte, paixão de uma vida. Constituíram uma família e realizaram juntos um sem-número de peças, ao lado dos principais nomes do teatro brasileiro.
Em páginas de grande emoção, ela relembra os desafios de criar os filhos sobrevivendo como artistas; a busca permanente pela qualidade; a persistência combativa durante os anos de chumbo; a capacidade de constante reinvenção; o padecimento de Fernando; o inesperado sucesso internacional nos anos 1990; a crença na terra que acolheu seus antepassados imigrantes e a devoção por esse país.
Fernanda encarna o melhor do Brasil. Não surpreende que alguém que passou a vida memorizando textos tenha desenvolvido notável capacidade de rememorar com sutileza fatos ocorridos décadas atrás. A atriz que há anos encanta multidões em palcos e telas pelo mundo agora se mostra uma contadora de histórias de mão-cheia.
Não se sabe o que mais admirar nela: se a excelência de atriz ou a consciência, que ela amadureceu, do papel do ator no mundo. Ela não se preocupa somente em elevar ao mais alto nível sua arte de representar, mas insiste igualmente em meditar sobre o sentido, a função, a dignidade, a expressão social da condição de ator em qualquer tempo e lugar. ― Carlos Drummond de Andrade

Este livro foi cedido pela Editora Companhia das Letras, porém as opiniões são completamente sinceras. Não sofremos nenhum tipo de intervenção por parte da Editora. 

Resenha:

“Não estou romanceando. Tenho quase um século de vida, portanto posso dizer: Era no tempo do Rei.”

Nascida Arlette Pinheiro Esteves Da Silva, - que por capricho do destino, foi uma homenagem a atriz Arlette Marchal, como que adivinhando que ela seria a grande atriz brasileira - porém eternamente conhecida como a grande dama das artes cênicas Fernanda Montenegro, está comemorando 90 anos de vida, e para celebrar importante data, preparou para os seus fãs um lindo presente, o livro de memórias, Prólogo, Ato E Epílogo, escrito em conjunto com a jornalista Marta Góes, e publicado pela editora Companhia das Letras.

Em um livro emocionante em que revisita não somente a sua trajetória desde o inicio da carreira, mas também, conta de forma tocante a trajetória de sua família, que imigrou da Itália e Portugal logo após a primeira guerra, em busca de um futuro melhor para seus herdeiros, - ah que vida rica e sofrida eles tiveram, quantas lágrimas derramadas por esses imigrantes batalhadores - passando pelas recordações familiares, sua história de amor e cumplicidade com seu marido e companheiro de vida por 60 anos, o falecido ator Fernando Torres, com quem teve dois filhos, o cineasta Cláudio Torres e a atriz Fernanda Torres.

De uma forma brilhante e cativante Fernanda nos conta a história de sua vida, de um jeito que me prendeu tanto que me vi lendo ele em todos os momentos livres, pois assim como é uma atriz que consegue entregar com suas interpretações os mais diversos sentimentos, ela se mostrou uma escritora com o dom da contadora de histórias, me vi percorrendo os corredores das rádios, acompanhando o inicio de sua paixão por Fernando, sofrendo com ela, em suas angustias durante o desafio que foi criar uma família, vivendo de arte, do inicio da carreira no teatro até se tornar uma a atriz que orgulhou toda a nação ao concorrer ao Oscar, e relembrei também, o quanto ainda não concordo que o Oscar não foi para ela.

“... quando temos muitas certezas sobre o nosso modo de agir, em cena ou na vida, corremos o risco de ficarmos circunscritos a uma técnica que nos imobiliza naquele processo domando, dominado, que nos congela. É a ponte com o imprevisto, o improvável, o absurdo que, muitas vezes, nos leva a renascer. No palco, atingir o impensável é fundamental. É a batalha.”

São paginas de grandes emoções e ao terminar o livro me senti um pouco como se fosse amiga de Fernanda, esse é o poder de um livro tão delicado e forte ao mesmo tempo.

“... mesmo sofrendo, é preciso entender, buscar o outro, sentar e conversar, beijar, amar e perdoar. E em nada disso jamais existe pieguice, melodrama...”

Um livro que acredito que os fãs da atriz, ou das artes podem considerar uma leitura obrigatória, já que ela conta com uma incrível capacidade de relembrar fatos vividos há cerca de 50 anos atrás com a mesma facilidade como se fosse ontem, temos uma visão ao mesmo tempo em que realista das dificuldades da vida de uma artista, quanto uma visão agradecida pelas conquistas arduamente conquistadas.

Como fã do talento inegável da artista, me uma agora como admiradora do ser humano fascinante que ela se mostrou a ser, uma defensora do Brasil, que com orgulho se mostra ser uma amante da pátria, que acredita no potencial do país que gentilmente acolheu seus antepassados imigrantes.

“... aceitar as minhas raízes do além-mar não contamina, em nada, a brasileira que eu sou, a atriz carioca, que sou, cultural, socialmente falando. Vivo em qualquer lugar, mas, no fundo, é sempre a partir desta minha cidade e deste meu país que eu olho o mundo.”

O livro foi escrito por Fernanda com base no material que a jornalista Marta Góes reuniu em dezoito entrevistas com a atriz, entre os anos de 2017 a agosto de 2019.

E definitivamente foi o livro de memórias que li e mais gostei esse ano.

Indicação de leitura nacional, emocionante e cativante.

O livro é muito bonito, com um designer gráfico, simples, mas com uma escolha para a paleta de cores, de tons de sóbrios, com leves toques de cores, que me agradou muito. As fotos em preto e branco da atriz, estão muito bonitas, ao olhar para a capa e ler o livro, podemos ver e sentir como foi para a atriz revisitar suas memórias para esse livro, esta ali no olhar as emoções vividas de forma muito intensa.

Mais uma edição primorosa da Companhia das Letras.

Até a próxima. Espero que leiam e gostem desse livro adorável.