A Rainha do Castelo de Ar - Millennium, 03 - Stieg Larsson

Título: A Rainha do Castelo de Ar - Millennium, 03

Autor: Stieg Larsson

Páginas: 688

Ano: 2009

Editora: Companhia das Letras

Gênero: Suspense, Investigação, Literatura Estrangeira, Drama, Ficção.

Adicione: Skoob

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Nota:  

Sinopse: Mikael Blomkvist está furioso. Furioso com o serviço secreto russo, que, para proteger um assassino, internou Lisbeth Salander - na época com apenas doze anos - num hospital psiquiátrico e depois deu um jeito de declará-la incapaz. Furioso com a polícia que agora quer indiciar Lisbeth por uma série de crimes que ela não cometeu. Furioso com a imprensa, que se compraz em pintar a moça como uma psicopata e lésbica satânica. Furioso com a promotoria pública, que pretende pedir que ela seja internada de novo, desta vez - ao que parece - para sempre.

Enquanto Lisbeth recupera-se, num hospital, de ferimentos que quase lhe tiraram a vida, Mikael procura conduzir uma investigação paralela que prove a inocência de sua amiga. Mas a jovem não fica parada, e muito mais do que uma chance para defender-se, ela quer uma oportunidade para dar o troco. Com a ajuda de Mikael, Lisbeth está muito perto de desmantelar um plano sórdido que durante anos articulou nos subterrâneos do Estado sueco, um complô em cujo centro está o pai dela, um perigoso espião russo que ela já tentou matar. Duas vezes.

Resenha:

“Naquela época, eu era uma menininha apavorada que mal entrara na adolescência. Hoje sou adulta. Posso matar você quando quiser.”

A rainha do castelo de ar, é o terceiro livro da série Millennium, e trás o encerramento da trilogia inicial, e também, é aqui que nos despedimos da brilhante escrita do autor sueco Stieg Larsson, que infelizmente faleceu pouco depois de entregar este manuscrito.

No Brasil é publicado pela Companhia das Letras, que mais uma vez nos entrega um livro muito bem traduzido, diagramado e de ótima qualidade 

Por se tratar de uma série, esta resenha possui spoilers dos dois primeiros livros, que possuem já resenhas publicadas, para ler, basta clicar nas imagens abaixo.

                                         

Eu me sinto profundamente dividida emocionalmente. Por um lado eufórica com o encerramento glorioso desta trilogia, por outro, entristecida, de que nunca mais lerei nada de Larsson, que realmente me conquistou com a sua escrita, eficiente, detalhista e o seu modo de se levantar contra temas polêmicos e mostrar o que há de pior no ser humano, e também, o seu melhor.

Nos dois primeiros livros, conhecemos Lisbeth Salander e Mikael Blomkvist os dois protagonistas, são diferentes entre si como água e vinho, Lisbeth, é uma solitária por natureza, não possui boas habilidades para interagir com outras pessoas, as poucas pessoas que podem dizer que gostam dela, precisaram passar por um verdadeiro desafio, para vislumbrar quem é ela realmente e passar a gostar de sua personalidade exótica, fria e ela é obviamente uma gênia. Já Mikael, é incapaz de ficar sozinho, sedutor e peculiarmente bem quisto por todos.

Primeiro eles se uniram para desvendar um desaparecimento, que acabou sendo uma caçada a um serial killer, assassino de mulheres no primeiro livro, no segundo Lisbeth que se descobriu apaixonada por Mikael, o exclui de sua vida ao perceber que ele não retribui seu afeto, e com isso eles passam dois anos afastados, até que dois amigos de dele são mortos, e toda a policia de Estocolmo, acha que Lisbeth é a assassina.

Nesse momento, ambos se jogam em uma investigação repleta de reviravoltas para provar a inocência dela e descobrir quem é o verdadeiro assassino.

Com isso finalmente conhecemos o passado de Lisbeth, os sombrios segredos que ela guarda a sete chaves.

Ela uma criança que teve sua inocência roubada por um pai violento, Zalachenko, que é um ex espião russo, cuja importância para um grupo secreto sueco, é maior do que a segurança dela e sua família, para encobrir a violência e os crimes Zalachenko, eles internam Lisbeth em uma instituição para doentes mentais e ali, começa diversas torturas que moldaram sua vida adulta.

Com o pai, voltando e desejando vingança contra a filha que tentou o matar para defender a mãe, ela passa por momentos intensos, que terminam com ela recebendo um tiro na cabeça.

É exatamente neste ponto que começa o terceiro livro.

Ela está entre a vida e a morte, Mikael, tenta salvar sua vida, e é apenas o começo, pois mesmo agora o grupo secreto que arruinou sua vida no passado, pretender fazer de tudo para calá-la, e colocar toda a culpa de tudo nela.

Enquanto ela tenta sobreviver, aqueles que a amam e respeitam, precisam se movimentar para evitar que ela sobreviva, apenas para ter sua vida destruída novamente.

“Perguntava-se o que ela sentia por si mesma, e acabou se dando conta de que a vida lhe inspirava, antes de mais nada, indiferença.”

Em uma trama escrita de forma bem detalhada Larsson, faz novamente de um romance seu um manifesto contra a corrupção, crueldade e males que assolam a sociedade. 

Aqui ele aponta o dedo diretamente para órgãos corruptos, de um governo que necessita ser sacudido. Fala sobre abuso policial, judiciário, e médico. E não fala isso de forma delicada, mostrando que ainda utiliza de uma escrita dura e realista, ele nos leva a conhecer as diversas facetas da briga pelo poder.

Apesar de uma boa parte dos crimes que ele aponta terem sido cometidos no auge da guerra fria, é infelizmente uma realidade que podemos ver até hoje nos governos e sociedades.

Porém, algo interessante eu pude notar, neste livro Larsson, está mais equilibrado, ele não escreve mais com tanto ódio como nos primeiros, livros, onde ele bateu de frente com a sociedade machista e conivente com a violência contra mulheres com um ardor que eu só posso aplaudir.

Aqui ele fala sobre o pior que o governo e as forças policiais podem fazer, porém, equilibra de forma brilhante, com o melhor que elas podem ser.

Se temos pessoas que usam o poder para se protegerem a seus ideais, temos também muitos personagens que mostram serem capazes de se arriscarem, para pela justiça e pela verdade.

A rainha do castelo de ar, é um livro, que começa lento, com muitas investigações, muitos segredos que necessitam serem desvendados, e aos poucos a trama vai ganhando velocidade, momentos de ação e picos de intensa batalhas acontecem, e podemos ver como tanto Mikael como Lisbeth, brilham.

Foi uma grande despedida do autor, e encerrou muito bem um arco na vida de ambos os heróis.

Outro ponto que preciso destacar, é o que move toda a história de uma forma subentendida.

Não somente é um livro de suspense e ação investigativa.

Mas este é um livro sobre o valor da amizade e lealdade.

O que provavelmente é maior base das relações humanas.

“- Ninguém pode evitar se apaixonar – disse ele. – A gente talvez queria negar, mas a amizade é sem dúvida a forma mais comum de amor.”

Assim encerro essa resenha e digo que vou empolgada continuar lendo a série. Agora vamos ver o que nos espera para os próximos livros, com um novo autor o também sueco David Lagercrantz, vai nos apresentar.

“Ela de repente se decidiu. Bobagem fazer de conta que ele não existia. Vê-lo já não doía mais.
Abriu a por e tornou a acolhê-lo em sua vida.”

Super indico para quem gosta de um bom livro de investigação, suspense, e não tem problemas em encarar doses de violência e política.

Até a próxima.

Beijos.