Querido Evan Hansen - Val Emmich, Steve Levenson, Benj Pasek e Justin Paul

Título: Querido Evan Hansen
Autores: Val Emmich, Steve Levenson, Benj Pasek e Justin Paul
Páginas: 336
Ano: 2019
Editora: Seguinte
Gênero: Young Adult (YA)
Adicione: Skoob
Onde Comprar: Amazon
Nota: 

Sinopse: Dos criadores do premiado musical da Broadway Dear Evan Hansen, esta é uma história emocionante sobre solidão, luto, saúde mental e amizades inesperadas. Evan Hansen sempre teve muita dificuldade de fazer amigos. Para mudar isso, decide seguir as recomendações de seu psicólogo e escrever cartas encorajadoras para si mesmo, com esperança de que seu último ano na escola seja um pouco melhor. O que não esperava era que uma das cartas fosse parar nas mãos de Connor Murphy, o aluno mais encrenqueiro da turma. Quando Connor comete suicídio e sua família encontra a carta de Evan, todos começam a pensar que os dois eram melhores amigos. Sem conseguir explicar a situação, Evan acaba refém de uma grande mentira. Ao mesmo tempo, graças a essa (falsa) amizade, o garoto finalmente se aproxima de Zoe, a menina de seus sonhos, e passa a ser notado no colégio. No fundo, Evan sabe que não está fazendo a coisa certa, mas se está ajudando a família de Connor a superar a perda, que mal pode ter? Evan agora tem um propósito de vida. Até que a verdade ameaça vir à tona, e ele precisa enfrentar seu maior inimigo: ele mesmo.

Este livro foi cedido pela Editora Seguinte, porém as opiniões são completamente sinceras. Não sofremos nenhum tipo de intervenção por parte da Editora. 

Resenha: A verdade é algo que pode doer profundamente, mas ela liberta. Já a mentira, ainda que de início ela traga algumas coisinhas boas, ela aprisiona de um jeito absurdo. Evan Hansen viveu essas duas realidades. A verdade e a mentira. Mas ao contrário do que acontece muitas vezes, que achamos que uma mentira é pequenininha e inocente, ele entrou em uma já sabendo da proporção dela e que estava profundamente errado. Ele deu esperanças à uma família em luto.

Evan começou o último ano de seu ensino médio da mesma forma que todos os outros, sozinho. Nada de novo sobre o sol. Era com isso que ele era acostumado, anonimato. Comer sozinho, cumprimentar as pessoas à distância e observar sua paixão platônica, Zoe Murphy. Como parte de seu tratamento, o psicólogo lhe pediu que escrevesse todos os dias uma carta para si mesmo, dizendo porque aquele dia seria incrível. Era uma forma de trazer mais positividade para sua vida. Mas ao invés de invocar o eu positivo, Evan escreve uma carta no primeiro dia de aula bem negativa. E a carta vai parar na mãe de ninguém mais ninguém menos que Connor Murphy, o irmão “problemático” da grande paixão de Evan. Tudo isso segundos depois de Connor assinar o gesso no braço de Evan (quebrado durante o verão) e Evan conseguir reconhecer uma leve esperança de ganhar um amigo.

Quando Connor pega a carta, tão negativa, ele acha uma piada de mau gosto e destrói todas as chances que Evan pensou ter visto. É de imaginar então que quando Evan ficou sabendo que Connor tirou a própria vida, naquela noite, ele tenha se sentido levemente culpado. E para piorar, a família de Connor encontrou a carta de Evan no bolso do filho e passaram a acreditar que os dois eram melhores amigos. Evan, para não quebrar ainda mais o coração da família, deixou que eles acreditassem.

As vezes eu me espanto com o poder que a literatura tem de nos colocar tão profundamente dentro de uma história. Quanto mais Evan se afundava na rede de mentiras com a família Murphy, mais eu ficava agoniada. A questão toda é que ele foi se envolvendo com a família, se afeiçoando a eles e a agonia que ele sentia quando pensava que era tudo baseado em uma mentira foi tão expressiva que passou pra mim, que estava apenas lendo. Fora que ele começou a de fato viver uma vida que nunca existiu. O pior da mentira é quando passamos a acreditar que ela é verdade. Para isso precisamos tirar o chapéu para os escritores. Causar essa reação nos leitores não é uma tarefa fácil. Eu sei que na hora que tudo veio a tona (não é spoiler gente, inevitável isso acontecer) eu queria apenas esconder a minha cara atrás do travesseiro para não ver a cena, de tão imersa que eu estava.

Outra coisa que eu queria comentar é que o livro foi baseado em um musical da Broadway, então eu (como uma fã digna de musicais) fiquei o tempo todo imaginando as cenas performadas no palco, com iluminação, cenário e, claro, muita música. Isso deixou a leitura divertida e deu uma leveza para os temas delicados que foram tratados no livro. Ela fluiu super bem e com certeza me deixou com um gostinho de quero mais. Os sentimentos de Evan são muito explorados e de uma forma muito completo. O foco da narrativa é o desenrolar dos sentimentos e a forma como o garoto lida com eles. Me surpreendeu a maneira como os autores construíram o histórico sentimental de Evan.

Por fim, queria dizer que fiquei muito satisfeita com o final e com a maturidade que ele trouxe. Sério. Um aprendizado bem grande para os personagens, principalmente para Evan. São experiências assim que, por mais que sejam “fictícias”, nos ensinam muito sobre a vida e sobre nosso impacto nela. Recomendo a leituras para todos aqueles que gostam de uma imersão emocional em histórias, independente da idade. Todos conseguimos nos identificar com pelo menos alguma coisa vivida por Evan, afinal, ele nada mais é do que humano. E nós humanos temos um jeito bem peculiar de lidar com a verdade.