Tempestade de Guerra – A Rainha Vermelha, 4 - Victoria Aveyard

Título: Tempestade de Guerra – A Rainha Vermelha, 4
Autor: Victoria Aveyard
Páginas: 632
Ano: 2018
Editora: Seguinte
Gênero: Fantasia, Distopia
Adicione: Skoob
Onde Comprar: Amazon
Nota:  

Sinopse: Mare Barrow aprendeu rápido que, para vencer, é preciso pagar um preço muito alto. Depois da traição de Cal, ela se esforça para proteger seu coração e continuar a lutar junto aos rebeldes pela liberdade de todos os vermelhos e sangue novos de Norta. A jovem fará de tudo para derrubar o governo de uma vez por todas — começando pela coroa de Maven. Mas nenhuma guerra pode ser vencida sem ajuda, e logo Mare se vê obrigada a se unir ao garoto que partiu seu coração para derrotar aquele que quase a destruiu. Cal tem aliados prateados poderosos que, somados à Guarda Escarlate, se tornam uma força imbatível. Por outro lado, Maven é guiado por uma obsessão profunda e fará qualquer coisa para ter Mare de volta, nem que tenha que passar por cima de tudo — e todos — no caminho.

Resenha:

A conclusão de uma série sempre deixa fãs apreensivos e comigo não foi diferente. Mesmo a obra tendo algumas falhas e nem constantemente minhas expectativas terem sido atendidas sempre me senti atraída pelos personagens e o mundo concebido pela autora. Sei que sentimentos de amor e ódio fazem parte dos relacionamentos românticos, no entanto com os livros dessa coleção experimentei tal ambiguidade.

“Meu rosto queima. Sinto vergonha da faísca de ciúme que cresce dentro de mim. Perdê-lo deveria ser a menor das minhas preocupações. Não deveria doer tanto quanto a possibilidade de morrer, de perder a guerra, de que tudo pelo que trabalhamos seja em vão. Mas dói. Tudo o que posso fazer é tentar suportar. Por que eu não disse sim? Recuei diante de sua oferta. Me afastei dele. Fui destroçada por outra traição — de Cal, mas também minha. Dizer “eu te amo” é uma promessa. Nós dois a fizemos e nós dois a quebramos. Deveria significar escolho você acima de todo o resto. Te quero mais que tudo. Sempre vou precisar de você. Não consigo viver sem você. Farei qualquer coisa para impedir que nossos caminhos se separem. Mas ele não a manteve. Eu não a mantive. Sou menos que sua coroa, e ele é menos que a minha causa.”

Embora o livro possua mais de 600 páginas e para muitos ser taxado como um calhamaço, a leitura em geral foi rápida e elementos básicos da história se fizeram presentes como rede de intrigas políticas, sofrimentos e traições. O desfecho não foi uma grande surpresa, no entanto achei satisfatório a autora não ter surtado nos momentos finais e ter mantido uma linha de pensamento sequencial, afinal todos nós sabemos que um final pode manchar os demais livros da série, se realizado de forma desleixada.

“Mas esse mundo está mudando. Destruímos, mas também reconstruímos.”

Sei que muitos esperavam por um desenlace de conto de fadas, no entanto a autora tornou tudo mais real. Sei que Mare Barrow e Cal sofreram o pão que o diabo amassou e passaram por muitas porcarias e talvez até eles merecessem o famoso final feliz, mas eu acredito que eles ainda precisavam crescer (principalmente Cal e suas várias facetas) e a autora proporcional esse ínterim para que tivessem alguma esperança para um futuro juntos.

“Cal me encara, a luz do sol brilhando vermelha em seus olhos. Poderiam ser feitos de chama. O que quer que esteja procurando — uma fraqueza, uma fenda na minha decisão —, não vai encontrar. Uma mão ardente sobe até meu pescoço, parando ao lado do meu queixo, os dedos pousando atrás da minha orelha. Sua pele não é tão quente a ponto de queimar, não como a de Maven, que me marcou para sempre. Cal não faria isso nem se eu pedisse. — Quanto tempo? — ele sussurra. — Não sei. — É a verdade, fácil de admitir. Não faço ideia de quanto tempo vai levar para voltar a me sentir eu mesma, ou quem quer que seja agora. Mas tenho apenas dezoito anos. Tenho tempo. A parte seguinte é a mais difícil, e a digo sem fôlego. — Não vou pedir para me esperar. Quando seus lábios encostam nos meus, é passageiro, um adeus. Pelo tempo que for preciso.”

Evangeline Samos continuou a ser minha figura preferida da trama, embora em algum momento eu tenha achado que ela só se interessava pelo poder e era uma mulher impiedosa. É bom notar o quanto minha concepção estava errada. Amei as reviravoltas de sua personagem, seu desenvolvimento, batalhas e como ela queria ser protagonista de sua própria história sem ser usada como um peão pelo pai ou ser ofuscada pela bagagem do nome de sua família.

“As fendas do vestido longo de Evangeline revelam uma calça fina de couro por baixo. Caso esse encontro termine em sangue, sua ação não vai ser restringida pela saia. Queria ter pensado nisso também. O cabelo dela está preso em uma trança firme para trás, as mechas prateadas ornamentadas com o brilho cintilante de pérolas metálicas com pontas afiadas. Boas para cortar a carne. Seus braços estão nus, sem mangas para impedir seus movimentos ou se enroscar nas joias de suas mãos. Um anel brilha em cada dedo, com pedras brancas e pretas, e correntes elegantes envolvem os pulsos. Ótimas para estrangular ou fatiar. Até os brincos dela parecem mortais, longos e afiados. Fico feliz que Evangeline tenha demorado tanto. Ela está vestindo um arsenal.”

Uma fantasia inteligente e bastante pungente, onde Aveyard inseriu de maneira singular vozes femininas poderosas à sua história e cada uma em particular potencializou a narrativa. Sem dúvidas, uma série que merece ser lida.