1Q84 - Livro 3 - Haruki Murakami

24 de julho de 2018

Título: 1Q84 - Livro 3
Autor: Haruki Murakami
Páginas: 472
Ano: 2013
Editora: Alfaguara
Gênero: Ficção, Fantasia, Literatura Estrangeira, Literatura Oriental
Adicione: Skoob
Onde Comprar: 2013
Nota:    
Sinopse: Volume final da trilogia 1Q84. Em um ano próximo a 1984, dois personagens repletos de segredos e envolvidos em tramas obscuras tentam sair de uma realidade implacável: o mundo de 1Q84. No último volume da trilogia Haruki Murakami, os protagonistas Tengo e Aomame continuam presos ao mundo paralelo de 1Q84, “onde coisas estranhas podem acontecer”. Eles precisam escapar não só dessa terrível realidade alternativa, em que duas luas pairam no céu, mas também da ameaça do chamado Povo Pequenino e de um sinistro grupo religioso em busca de um acerto de contas. E terão em seu encalço um implacável detetive, que se aproxima cada vez mais do esconderijo de Aomame, enquanto desvenda a real conexão entre ela e Tengo.

Resenha: Aqui termina a famosa trilogia 1Q84, sendo esta a resenha do Livro 3. Confira a resenha do Livro 1 aqui, e do Livro 2 aqui. Evite spoilers! Fatos importantes sobre os dois livros anteriores serão citados, portanto, não recomendo a leitura da resenha caso não tenha lido os dois outros livros.

Apresentando o final da história do mundo de 1Q84, o Livro 3 tenta trazer soluções para algumas partes do enredo da trilogia em geral. Sim, apenas algumas. Infelizmente, se você achou que entenderia quem é o Povo Pequenino, o que aconteceu com a mãe de Tengo e o porquê daquelas específicas visões sobre um homem que não era seu pai chupando seus seios, ou quem ou o que estava por trás de Sakigaki, ou até o real significado da Sinfonietta de Janáček e sua relevância para todos os fatos sobrenaturais ocorridos até agora, bem...


Bom, vamos por partes. O terceiro livro ainda é intercalado entre personagens importantes para a trama. Neste livro, Uchikawa foi incluído. O investigador à serviço da Sakigake ganhou seu próprio POV, e a sua meta durante o desenvolver da história é mostrar sua competência ao grupo Sakigake, buscando descobrir quem é Aomame e por onde ela se esconde após ter assassinado o Líder do grupo. Seu intuito não é apenas fazer um bom serviço e ser pago por isso, pois cada vez mais Uchikawa nota a seriedade do culto religioso e teme pela sua própria vida caso não encontre resultados satisfatórios para a resolução do mistério da assassina.

Tengo permanece cuidando de seu pai em estado terminal. Ainda acredita que ler trechos de livros trará algum tipo de reação a ele. Hospedado na cidade onde o asilo de seu pai se encontra, três enfermeiras do estabelecimento passam a se interessar pela amizade de Tengo, onde Kumi Adachi, a mais nova das três, além de fã convicta do livro A Crisálida de Ar, passa a ter uma relação um pouco mais íntima com Tengo. Sua proximidade com a jovem enfermeira irá lhe trazer mais questões sobre todo o âmbito da situação em que se encontra e sobre os acontecimentos sobrenaturais que o permeia.

Já Aomame... Ela basicamente está viva. Sim, a “morte” dela no final do segundo livro me pareceu um simples Cliffhanger para manter os leitores curiosos sobre o rumo que a história tomaria em relação à ela. Bem, a explicação do livro basicamente é essa. Ela está viva. Ponto final. Esqueça que você leu sobre ela “apertar o gatilho” do revolver no segundo livro, pois no terceiro, ela simplesmente “não puxou o gatilho”.


Os trechos são do final do segundo e do início do terceiro livro, respectivamente. 

Aomame permanece com a sua vontade avassaladora de encontrar Tengo. Seu coração ainda pertence à ele. Enclausurada em seu apartamento, noite após noite aguarda em sua varanda que Tengo reapareça no topo do escorregador do parque para observar as duas luas que agora estão no céu. Tamaru passa a ser sua única companhia humana, onde conversam através do telefone. Seu amigo fica encarregado de lhe trazer todos os bens necessários para viver sem precisar sair do seu próprio apartamento, mas a cada dia que passa, o período para continuar escondida naquele lugar se torna mais curto, e a ideia de talvez não ter outra oportunidade de encontrar Tengo assola Aomame. A situação fica mais crítica quando mais uma vez se torna alvo de acontecimentos sobrenaturais, que ocorrem dentro de seu próprio corpo.

Voltando ao começo da resenha, o Livro 3 é um tanto frustrante. A história inteira de 1Q84 se apoia em mistérios que deixam o leitor ávido para ler mais até descobrir o porquê de tudo aquilo estar acontecendo. Povo Pequenino, Sakigake, a mãe de Tengo, Fukaeri... Tudo ao redor do enredo se move através de mistérios, e é triste saber que noventa por cento desses mistérios simplesmente permanecem sem solução. Alguns até são sim solucionados, mas são soluções tão fracas e expostas de formas tão genéricas que me questiono se foi uma boa ideia tentar explica-los (o mistério da mãe de Tengo é um ótimo exemplo). Sakigake não é explicado. Povo Pequenino, menos ainda. O mundo de 1Q84? Bom, tem duas Luas e umas coisas estranhas, e é só isso que você vai saber mesmo concluindo a leitura do último livro.

E já que estamos falando de final... Já aconteceu de você percorrer um longo caminho até um certo destino, e quando estava a poucos metros dele, resolveu ir para um outro? Pois bem, a trilogia é isso. O primeiro livro é extraordinário, um livro com propostas bastante ousadas. O segundo livro é uma bela continuação do enredo, focando mais na personalidade de Tengo e Aomame para que possamos conhece-los mais a fundo. O terceiro livro é basicamente uma promessa não cumprida. Você cria expectativas durante os dois primeiros livros, e o terceiro passa longe de concluir essas expectativas.

O final não é ruim como um todo. Na realidade, ele mostra que 1Q84 é mais uma história de amor do que qualquer outra coisa. Eu fiquei realmente feliz com o destino de Tengo e Aomame, mas não tenho como deixar de pontuar que todos os outros aspectos do enredo foram mal finalizados, ou sequer foram finalizados.

Alguns fãs de Murakami afirmam que, para entender 1Q84 e os mistérios não solucionados, seria necessário ler outras obras do autor. Não sei se é verdade, porém a ideia de ler outros livros para compreender uma trilogia, que por si só já deveria ser auto explicativa, me dá um certo incômodo e indisposição. Prefiro apenas manter as boas lembranças dos dois primeiros livros, e os agradáveis trechos do Livro 3 (o POV do Uchikawa, por exemplo, foi um dos meus preferidos. Como sempre, Murakami tem o dom todo especial de fazer com que até a vida de um homem feio, de meia idade, divorciado, esquecido e à margem da sociedade se torne uma leitura interessante, que prenderá até os mais exigentes leitores).

Os fãs não apresentam apenas ideias ruins. Procurando por discussões sobre 1Q84 e Haruki Murakami em geral, encontrei este artigo que fala sobre a real intenção de Murakami ao escrever sobre Sakigake. Em resumo, o autor quis retornar a discussão sobre a seita Aum Shinrikyo, responsável por um ataque terrorista utilizando gás numa estação de metrô. De acordo com Murakami, os japoneses em geral não deram tanta atenção à este acontecimento quanto deveriam. Mesmo não tendo todas as respostas sobre Sakigake, sob esta perspectiva, fica clara a intenção do autor e talvez maiores explicações não sejam tanto o seu foco em relação ao paralelo que tentou construir.

Bandeira da seita Aum Shinrikyo

1Q84 – Livro 3 é um livro mediano. Talvez o maior pecado dele tenha sido carregar a enorme responsabilidade de trazer a solução para os mistérios do mundo de 1Q84, e deixar a desejar neste aspecto ajudou no fato do livro não alcançar sua real capacidade. Se você leu os dois primeiros livros, não deixe de ler o terceiro. Por maior que sejam os espaços vazios deixados nas lacunas do enredo, ainda assim será possível conhecer o final dos dois personagens principais, e entender o porquê do livro ser uma grande e sobrenatural história de amor.

10 comentários

  1. Oi, Michel,

    Que pena que nesse último volume, o autor escolheu seguir outro caminho - não sendo capaz de suprir as expectativas esperadas. Afinal, há muitos elementos importantes, que foram jogados ao longo dos volumes anteriores...

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  2. Decididamente não são livros que eu sinta vontade ler..rs
    Acabei tendo que ir nas duas resenhas anteriores, por não conseguir me lembrar de nada de nenhum dos dois livros.
    E pelo que li acima, este livro é um pouco mais tedioso.
    Não digo que nunca lerei, mas...
    Beijo

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  3. Olá, confesso que é meio decepcionante que o autor não tenha sabido finalizar uma história que só melhorou entre os volumes 1 e 2. Murakami foi capaz de criar um universo que o consagrou como um autor extremamente original, mas essa obra infelizmente parece que destoa em relação ao potencial encontrado nos livros anteriores. Beijos.

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  4. Oi Michel!
    Li coisas negativas mas tbm mto positivas sobre a escrita dos livros, te confesso que tenho interesse em ler pela curiosidade sabe, parece trazer uma leitura bacana, seria legal a experiência...
    Bjs!

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  5. Olá Michel! Me senti frustrada com a resenha desse último livro. É uma pena que a autora tenha deixado tantas questões em aberto. Talvez dessa forma seja interessante para os orientais mas para os leitores do ocidente as coisas tem de ser mais bem explicadas. Pelo menos a história dos protagonistas teve um desfecho descente. Beijos

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  6. Olá Michel,
    Não li os dois primeiros livros – confesso que não pretendo ler – então li a resenha sem medo dos spoilers.
    Uma pena que o desfecho da trilogia não foi satisfatório, pois pelo que acompanhei nas resenhas dos outros livros, essa trama complexa tinha potencial. É desanimador acompanhar a evolução da história e chegar ávido por respostas no último livro e terminar a leitura com a maioria dos mistérios sem solução.

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  7. Michel!
    Não li nenhum dos livros da série, embora tenha lido as resenhas.
    Uma pena uma trilogia tão promissora, terminar de forma frustante e de maneira que não o satisfez... É sempre triste quando isso acontece, não é mesmo?
    “O homem está sempre disposto a negar tudo aquilo que não compreende.” (Blaise Pascal)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA JULHO - 5 GANHADORES - BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!

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  8. Olá! Definitivamente é muito frustrante quando não encontramos as respostas que precisávamos e procurávamos no final da história. Achei todo o enredo um pouco confuso e não me prendeu para iniciar a leitura pelo menos nesse momento.

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  9. Oi Michel,
    Muitos personagens, muitos dramas em um lugar só, rs, só lendo mesmo para entender.
    É uma pena que uma história nos envolve tanto, e no fim nos deixa frustados, qual o sentido de coloca dilemas e não resolvê-los? Sinceramente não entendo.
    Não tinha vontade de ler, simplesmente por não ter uma história que curto, depois de sua opinião, bem, só concretiza o que eu disse.
    Beijos

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  10. Olá.
    Nossa. É realmente frustrante quando você ler os livros com aquela expectativa de descobrir os mistérios e no final muita coisa fica sem resposta.
    Como mencionado eu concordo que a trilogia em si deveria ser completa e esclarecer as dúvidas sobre os mistérios apresentados.

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