Páginas:184
Ano: 1965
Editora: Civilização Brasileira
Gênero: Romance
Adicione: Skoob
Onde Comprar: Livraria Cultura
Nota:
Sinopse: Rosshalde é a clássica história de um homem dividido entre as obrigações com a sua família e seu desejo por uma satisfação espiritual que só pode ser encontrada fora do círculo da sociedade convencional. Johann Veraguth, um rico e bem sucedido artista, é um estranho para sua mulher e se sente sufocado pela união infeliz. O amor dele pelo seu filho mais novo e seu medo do desamparo o mantém ligado às paredes de sua grandiosa propriedade, Rosshalde. Quando uma tragédia inesperada assola sua casa, Veraguth finalmente encontra a coragem para deixar a segurança desolada de Rosshalde e viajar para a Índia, a fim de se descobrir novamente.
Resenha:
Rosshalde
é uma casa que presenciou muita história. É uma casa que se pudesse
falar, diria a todos a melancolia e a tristeza que pairava no ar, diria
sobre os belos jardins, sobre as flores coloridas e falaria da família
dividida que lá morava. Johann Veraguth é um homem que vive isolado em
sua sua própria casa e leva a vida como se estivesse dormindo e um dia
acordaria para ver tudo diferente e como sempre sonhou. Sua esposa, que
há muito deixou de ter qualquer relação com ele, vive na casa grande
enquanto Veraguth mora em um pequeno “puxadinho” (na falta de um termo
melhor) nos fundos da propriedade. Ela já perdeu o sentido da vida e se
contenta com a realidade medíocre em que está inserida. Os personagens
desse livro tem essa característica marcante, são conformados com a
situação e não movem uma palha para tornar a vida mais agradável e
feliz.
No
meio da animosidade entre o casal, está o filho mais novo deles,
Pierre, que é alvo de disputa dos pais. Cada qual quer levar o garoto
para o seu lado, mimá-lo para que ele escolha seu favorito. Mas o que
eles não percebem é que essa disputa doentia afeta a cabeça de uma
criança em níveis grandiosos e traumatizam a infância. O garoto não vê a
corrida pelo seu afeto como uma demonstração de amor dos pais e por
isso é atacado por angústias e moléstias nada condizentes com sua idade.
Por
muitos anos eles viveram assim, encontrando-se ocasionalmente, como
estranhos em uma mesma casa. Veraguth se afundou profundamente ao longo
do tempo e seu amor pelo seu filho e pela pintura foram as duas coisas
que não o deixaram se perder por completo. Como um pintor famoso, ele
tinha as obrigações do ofício e por isso passava dias e dias fechado em
seu estúdio pintando. Era uma das únicas coisas na vida que ainda o
davam alegria e conforto. Ele pintava e repintava o mundo quantas vezes
fossem necessárias para se preencher e acabar com o isolamento que sua
alma era submetida.
Até
que uma certa vez, uma amigo de infância foi visitá-lo e, assustado com
a situação deplorável que o companheiro de tantas primaveras felizes
vivia, o alerta e aconselha, dando um banho libertador de quaisquer
vestígios do passado e convida-o a passar uma temporada fora na Índia,
onde agora residia. Veraguth, tentado a aceitar o convite e agora ciente
do drama que sua vida havia se transformado, rompe a “funda e poderosa
hipnose da resignação em que tinha caído” e busca nos meses que
antecedem sua viagem se reconciliar com aqueles que um dia fizeram parte
de sua família. Assim, causando estranhamento em sua mulher e seu seu
filho mais velho, muda o jeito de tratá-los e finalmente se vê tão perto
da liberdade que a tanto almejava. Porém, essa liberdade vem com um
preço, o afastamento de seu filho querido, a única pessoa que ele
verdadeiramente amou na vida.
O
livro tem um ar melancólico e bucólico que te transporta para dentro de
você mesmo. Apesar da narrativa demorada e pouco fluida, as reflexões
apresentadas são aspectos da natureza humana que todos nós lidamos com
eles alguma vez na vida e por isso nos fazem refletir bastante sobre
nossa própria existência. É um romance que trata do universo fechado em
que vivemos e trata, com muita veracidade, do mistério que assola as
almas dos artistas, que inconformadas e isoladas, buscam recriar seu
mundo, na ânsia de superação e de vida.
De
certo que não é uma leitura simples e tranquila, é muito densa, cheia
de complexidades, metáforas e divagações que intensificam a história.
Não adianta ler sem refletir e muitas vezes me peguei voltando em
determinados trechos para conseguir absorver tudo que ele me apresentava
e compreender o rumo que a história levava. Essa história traz
discussões que dão pano para manga e ficaríamos horas e horas
conversando sobre elas. Herman Hesse discute filosofia no retrato de um
artista e sua obra trata do arrependimento e do tempo, nosso companheiro
de tantos carnavais, que prega tantas peças e engana os homens sem que
eles percebam.
Postei essa resenha aqui também :)
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