Páginas: 256
Ano: 2015
Editora: Mundo Uno
Gênero: Fantasia
Adicione: Skoob
Onde Comprar: Amazon
Nota:
Sinopse: Sempre disseram que ela não pertencia àquele lugar. Não sabiam o quanto estavam certos!
Ela era diferente, todos sabiam disso. Todos viam isso. Chorar, rir, sofrer por amar silenciosamente o melhor amigo e não ser correspondida, isso é normal para uma adolescente de 16 anos. Ter olhos lilases, ser chamada de aberração e ser perseguida por desastres, não. No entanto, a vida de Anabelle muda radicalmente quando seu pai, de quem herdou os estranhos olhos lilases, diz quem ela verdadeiramente é. Estará Anabelle preparada para aceitar tamanha reviravolta, e aceitar que nunca foi e nunca será normal?
Resenha:
Conheci
esse livro nas estantes da Bienal de Belo Horizonte esse ano e o título
rapidinho prendeu a minha atenção. Fui logo para o caixa, afinal uma
história que tem o título de Magia tem tudo para ser boa, cheia de
aventuras, confusões e cheia de muita magia. Depois de alguns meses
atualizando minha TBR list eis que finalmente me vi sentada em frente à
esta obra que me despertou muitas emoções. Primeiro vamos à um breve
resumo de como a vida de Anabelle Hendrix virou de cabeça para baixo no
momento em que ela descobriu que era uma bruxa para depois passarmos às
inesperadas emoções.
Anabelle
vive em uma cidade do interior de Minas Gerais e em seus 16 anos de
vida teve que lidar com um incansável bullying por causa da cor de seus
olhos. Lilases. Lilases como nunca visto em olhos antes. Por causa dessa
singular marca ela tinha apenas um amigo, Richard, que era nada mais
nada menos que o garoto mais popular da escola, o astro do futebol. E no
fim das contas esse único amigo dela também era o amor de sua vida, o
menino pelo qual perdia noites de sono e muitas, muitas lágrimas.
(Curioso fato sobre Anabelle: ela ama chorar. Ou isso ou ela tem um
sério problema de lágrimas jorrarem de seus olhos constantemente). O que
só torna sua vida na escola ainda pior, porque além de toda a
hostilidade dirigida a ela, ainda é obrigada a ver seu grande amor aos
beijos e abraços com a namorada que é garota mais bonita e mais
inteligente da escola. Anabelle é a segunda em tudo na vida. É até a
segunda prioridade de seu pai, que trabalha viajando e fica no máximo
dois dias em casa antes de partir para seu novo destino. Um certo dia,
esse mesmo pai ausente chega, pede para ter uma conversa séria com
Anabelle e joga a bomba na garota: ela é uma bruxa. Sim, bruxas existem e
ela é uma delas.
Desse
dia em diante ela passa a compreender o motivo de ser do jeito que é e a
razão do sumiço de seu pai. Ela descobre que vem de uma linhagem
extremamente poderosa e de grandes responsabilidades para a manutenção
da segurança do reino mágico, o que coloca um grande peso em suas
costas. Além de tudo, ela ainda é obrigada a entrar para uma “escola” de
bruxas, onde aprende com uma tutora (uma bruxinha super fofa) todo o
conhecimento e prática necessária para lidar com a magia. Assim, ela
passa os dias dividida entre ir a escola - que tecnicamente ela não
precisa mais porque com seus poderes veio uma super inteligência para
assuntos mundanos - e ter aulas sobre a dimensão mágica e suas
peculiaridades. Anabelle começa então a entender o peso e a dificuldade
de finalmente ter encontrado seu lugar e de por isso ter que viver uma
vida dupla escondida até de sua mãe.
Agora
vamos às emoções que eu disse que afloraram em mim durante a leitura
das páginas dessa história. A primeira delas foi um pouco de decepção.
Pelo fato de Anabelle colocar o amor que ela sente pelo Richard em
primeiro lugar ela deposita nele sua única razão para viver e todo o
resto é jogado para escanteio. Todos os relacionamentos são guiados pela
paixão e isso acaba afetando o jeito como ela interpreta o mundo e seu
papel nele. Eu fiquei incomodada com a quantidade de vezes que ela
passou a madrugada chorando porque não era correspondida e com o fato de
não conseguir se ver como uma pessoa completa sem ele. Ela parece
precisar do Richard para ser quem é, para defendê-la, o que a impede de
perceber todo o potencial de poder e autonomia que ela tem. Ela é
dependente demais dele e isso deixa a história (e ela de certa forma)
presa em um único ponto. Por isso, todos os elementos que envolvem a
dimensão mágica se tornam secundários e pouco desenvolvidos.
Mas
por outro lado, é esse pouco aprofundamento do lado mágico da história
que te faz querer continuar lendo. E é aí que entra outra emoção que me
foi despertada: a curiosidade. Fiquei muito curiosa para saber mais
sobre a magia, sobre a influência que a cor dos olhos tem em cada
família de bruxos e acima de tudo como Anabelle vai fazer para lidar com
a vida dupla que vai passar a ter. Todo fim de ano, os bruxos
iniciantes fazem uma prova para testar os conhecimentos adquiridos e à
medida que vão avançando, vão ganhando mais responsabilidades e deveres
no mundo mágico. Com isso, ela terá que literalmente dividir sua vida e
aprender a superar toda a carga de tarefas que o amadurecimento colocará
em seus ombros. Além de tudo, ela ainda precisará lidar com o fato de
seu pai ser o bruxo mais poderoso vivo e aceitar a célebre e marcante
frase de um certo Tio Ben que “com grandes poderes vem grandes
responsabilidades”. Fiquei muito curiosa também com a voz que ela escuta
na cabeça e tenho quase certeza que tem alguma coisa a ver com o clã
marginalizado da sociedade bruxa que deu um pouco de trabalho para o pai
dela em séculos passados. A autora conseguiu colocar essa pulga atrás
da minha orelha e para descobrir se estou certa terei que ler os
próximos volumes.
As
aulas mágicas de Anabelle com Liza, sua tutora, eram o refúgio
engraçado da história e davam uma leveza para o clima de solidão que a
menina se encontrava. Além de darem força para que ela conseguisse
ajudar o Richard a lidar com a situação triste em que vivia. Com um pai
ausente e uma mãe alcoólatra e agressiva, ele foi obrigado a crescer
mais rápido e tinha que trabalhar para conseguir sobreviver. Para um
garoto de 16 anos é uma realidade muito difícil e Anabelle tenta de
todas as formas ajudá-lo a aliviar a pressão que ele vive, o que eu me
deixou bem surpresa ao longo do desenvolver da história. Por fim, a
última emoção que senti foi desejo de Anabelle finalmente encontrar sua
força, sua autonomia e sua autoestima. Eu quero muito que ela se
reconheça como uma pessoa única, completa e que tem a total capacidade
de se transformar em uma bruxa badass por ela e para ela. Também quero
que conheça um bruxo super gato na dimensão mágica e esqueça do Richard.
Ou pelo menos viva um triângulo amoroso com menos drama e mais ação.
Apesar do nome, “Magia” deixa a própria magia em segundo plano e prefere
focar na história de amor entre Anabelle e Richard. Portanto, quem
curte o gênero romântico estará muito bem servido com a história, mas
confesso que não era bem o que eu esperava como fã incondicional da boa e
velha magia.
Pena o amor ser o único guia de Anabelle. Amar e ser amada é um lindo sentimento, mas quando pertimimos que esse sentimento guie exclusivamente nossos atos e ações é chato e monótono. Gostei de sua resenha sincera, onde você pontuou com firmeza os prós e contras da narrativa. Grande beijo.
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